sábado, junho 24, 2006

Sem Lembraças (por um anti-blogue de Jampa)

Lembras, João, jogaram uma pedra pontuda na tua cabeça. Algo de tua intelegência se fora alí. Depois foi o pé, mas alí por baixo a massa cizenta não podia sair. Então espera, pois na parada do ônibus, quando a quina de ferro branca encotrara a esquina do parietal... ah querido ego, quando a pele abrira e rasgara deixando o sangue vir ver a tarde chuvosa, percebes, naquele momento em que sentiras teu corpo esfriar, e tua mão tocara o buraco aberto em teu quengo, que ferida aberta em visão embassada!, choraras alí toda tua dor?, e as pessoas te olhando em volta, alí João, naquele chão, tu não puderas recalcar-se em nenhuma antropologia morbida dos olhares, nem ousaras recolher-se em nenhuma lembrança remota triste ou feliz. Por que tudo isso não te fizera serviço, não te servira de lição? Perderas tu tecido nervoso e com ele o medo de ousar conquistar novos mundos? Ou fugiras de casa aceitando uma condição de coitado incapaz de aprender? Luta de João contra a inteligência João? Coitado de si, do si de João, sempre preferira perder-se, esquecer-se dolorido. Briga, João, briga não. João mentiu. Ele mentira. Vivera atrás de um acidente... Aumentara para si a falsidade fazendo do buraco da agulha uma clatera lunar. Fez de um buraquinho aberto na proópria cabeça o descabaço violento do espírito, transformou-o em estupro desvastador de sua pobre mente vadia. Quem me dera que aquele acidente justificasse tudo? Embuste dos diabos. E repetira, quantas vezes repitira, "não aprendo bem por causa de um buraco na fronte". Tivera medo de não ser o mesmo. Tivera medo de ainda ser o mesmo. Nunca desmentiu. Reformulra muitas e muitas vezes com alguma destreza a ilusão que construiu para si. A consciência de João," não minta pra si mesmo João", se desdizia, "Ele não mente, mas sofre demais com sua conciência". João contra sua inteligência era duro demais e frouxo em demasia. Quem em sã e plena consciência de si mesmo poderia redimir-se? Sim, João sem razão, tens razão... segues sem lembraças. E esqueces do tempo do esquecera. Brinca de mais que perfeito desfazendo tua própria desilusão. Iluda-se mais uma vez, como já tantas vezes... fizeras.

Quem sou eu (no blogue)

Recife, Pernambuco, Brazil
Aqui farei meu diario quase intimo. Mentirei quando preciso. Escreverei em português e, mal ou bem, seguirei com certa coerência as ocilações do espirito, carater e gosto. Desprovido de inteligência precisa, justa será apenas o nome da medida que busca o razoavel no dito. Esperançoso. Jovem gasto, figura preguiçosa e de melancolia tropical sem substância. Porém, como já exprimido em primeiro adjetivo, qualificado e classificado na etiqueta quixotesca. Com Dulceneas e figuras estranhas o "oxymore" pode ser visto como ode a uma máxima de realismo outro do de Cervantes: "bien écrire le médiocre", dizia Flaubert. Mediocres serão meus dizeres. Bem ditos, duvido. Por isso convenho: os grandes nomes citados não devem causar efeito de legitimação. E previno: o estilo do autor das linhas prometidas é tosco, complicado e chato. O importante é misturar minha miséria com outras. Assim o bem dito será o nome de uma vontade de partilhar uma condição e não o da sutileza formal. A bem dizer, aqui findo com minha introdução.