A festa dos dinossauros
Ontem foi o aniversário de meu irmão Pedro. Hoje vai ser a festa para comemorá-lo. Queria tanto estar lá para desejar ao pequeno algo de bom, pessoalmente. Com todo amor que tenho por ele, tentaria abraça-lo e expressar pelo olhar meu apego a todas as nossas diferenças e semelhanças.
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Diferentes/Iguais
Somos diferentes sim, porém iguais. Sempre o tratei como um igual. Desagradava-me sempre o exageiro dos próximos com seus cuidados em damasia. Pedro é uma rocha. E sempre foi. Desde quando o vi pela primeira vez, quando voltei de Cuba, entendi sua disposição de carater estabelecida pela força :tinha menos de um mês e se fazia reconhecer pela potência inegualável do grito conciso, cortante.
***
Dinossauro(de Pedro): ou a fidelidade.
O carinho dele pelos dinossauros é de uma fidelidade pouco comum em tempos de pouca fé como o nosso. Não lembro de ter sido fiél assim na minha infância.Talvez minha primeira fidelidade tenha sido Valéria. Não. Já devia ter aprendido algo sobre essa insistência do mesmo, na escola. Mas para mim era como se a fidelidade fosse uma mémoria necessária de uma preferência minha. Ela consistia, se formulada em palavras de Pedro, no fazer esforço para reencontrar os dinossauros e de manter e reproduzir em mim os sentimentos de desejo fundamental, aquele que nos dá vontade de continuar a ir ao encontro de todos os repteis com mais de 20 metros de altura. Desde do primeiro pedido até hoje, Pedro sempre me pediu dinossauros de presente.
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Pedro, Helder(Lorão), Eu e socialização
Acho incrível o fato dele viver na mesma familia a qual vivi e ter uma socialização tão diversa da minha e da de Helder. Está claro, Lorão e eu somos diferentes, mas nossas socializações têm semelhanças que nos explicam mutuamente e esclarecem tanto as distâncias como as proximidades de comportamento entre nós. Eh evidente as causas dessa diferença: as mudanças de posição social do núcleo familiar coloca Pedro em situações sociais as quais nunca nem eu nem Helder vivenciamos em nossa infância.
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Bolsas Company e objetividade de classe
Pedro, espero, nunca vai precisar chorar e fazer chatagem emocional para os pais a fim de pressioná-los a comprar uma bolsa "Company" no shopping. Eh amargo depois descobrir que o fato de ter a bolsa não é suificiente para mudança de classe social desejada. Peupeu não precisa desejar mudar de classe social, pois ele é burguês e tem hábitos quase autênticos de burguês.(Um dia ele terá consciencia disso.)
A diferença de Peupeu no Capiparibe, para mim e Helder ter isso ou aquilo era um disfarce social necessário para nossa boa integração aos outros alunos do colégio Marista. Mas, para nossa triteza(temporária), o fazer de conta intrisseco ao fato de dois gorotos da UR-6 possuirem as tais bolsas da moda foi logo desmascarado. Desmoronou-se diante da resposta violenta da divisão objetiva das classes, diria um sociologo. Helder e eu, voltando para casa, chorando depois de um assalto o qual o ladrão colocara em evidência nosso plano de fingir ser como os outros da escola, eis um golpe forte. Descobrimos então o porquê dos estudantes do Marista possuirem bolsas "Company": os pais deles possuiam carros, eles voltavam seguros para casa. Podiamos ser classificados nesse momento como "novos classe média" fazendo analogia aos "novos ricos". Os "novos ricos" tem o dinheiro necessário para serem ricos, mas falta-lhes os modos de agir, as sabedorias do que se deve e não de se deve fazer, e eles terminam por trair a própria riqueza na falta de trato com os habitos aristocráticos ainda visados como forma de distinção social. Apenas pelo apredizado dessas "maneiras" o "novo rico" poderia objetivar sua nova classe social e ser socialmente aceito como rico sem aspas. Eu e Helder, inconcientes das forças sociais em questão, queriamos parecer crianças da classe média. Ora, não eramos isso e o esforço para parecer, aparecia. Hoje chamaria isso de sofrimento social, pois gerado por mecanismos própios a uma sociedade dividida em clases onde o risco de classificação(numa ou outra classe) é também um risco de desclassificação. Só o tempo e leitura crítica para curar as feridas e destruir o desejo tôlo de ser uma "criança burguesa".
domingo, abril 25, 2004
quarta-feira, abril 21, 2004
Separação sujeito-objeto(à Julia)
Outro dia lembrava-me com carinho de um debate já antigo: Eu, Julia e Rafa discutiamos sobre cobras e largatos. Meu último post fez vir a tona essa lembrança, aproveito dela para considerar os comentários.
***
Aproveitando
Estavamos não sei onde (também desconheço o motivo e o porquê) e falavamos algo sobre "a verdade", "o necessário relativismo", etc. Julia, já na UFPE e cursando psicologia, Eu e Rafa ainda naquele lenga lenga de cursinho para fazer vestibular. Não deixa de ser engraçado tentar lembrar dos recursos, dos esforços, das estripulias de uma forma de pensar diletante e intuitiva diante da maior lucidez de uma lógica regrada(para não dizer sistematizada, pois imagino que isso seja um passo a mais). E é assim como vem a lembrança: de um lado Julia com exemplos precisos, justos, organizados pela razão; de outro Eu e Rafa, mais eu porque sou teimoso e não era irmão, tentando juntar fragmentos de nossa "experiência escolar" com outros de outra ordem, para negar a verdade de Julia(que era relativa para ela) e deveria ser universal, para nós.
Claro, nenhum detalhe da conversa me ficou. Porém, por lembrar da época, advinho qual argumento eu devo ter tentado usar para provar a verdade última: a velha e boa matématica. Devo ter dito indignado e enfurecido com a superioridade de Julia: "mas dois mais dois são quatro em qualquer lugar do mundo, isso não é relativo!é?" Hoje teria vergonha de cair nesse "realismo platônico"(quase pitagórico), porém é preciso responder aos comentários explicando os avanços(?) dados por mim em busca de um realismo outro, a fim de explicitar o meu ponto de vista sem reduzi-lo.
***
Racionalismo aplicado
Pois bem. Não creio que o esforço de objetivação, que passa necessáriamente por um tipo de separação sujeito-objeto, seja contestável de todo. Se implosão dessa separação foi feita, tenho a impressão de vê-la apenas na crítica incontestável da fenomenologia ao estatuto positivista da desvinculação entre os dois, em absoluto. Ou seja: o que antes era dado pelos positivistas como dado(os famosos fatos), agora tem que ser visto como construido(para alegria dos jornalistas que podem pensar às vezes que a realidade é construida por eles!) .Porém, se é verdade que "o ponto de vista cria o objeto", não é menos que não o pode criar a sua imagem e semelhança(como fazem alguns jornalistas e ciêntistas sociais mais ou menos bem informados!), e é nesse sentido que não me conformo na fenomenologia(tenho cuidado com os usos dela), e busco alcançar outros parametros epistemologicos de concepção do real.
***
Exemplo da sociologia
Bourdieu dizia que o progresso nas ciências sociais dependia de um progresso nas condições de conhecimento. Para isso são nessarias, dizia ele, idas e vindas aos memos objetos, ocasioões para objetivar a relação subjetiva e objetiva ao objeto.
A sociologia que se diz fenomenológica, ao meu entender, faz meio trabalho e dificulta o trabalho de elaboração de objetos mais condizentes com a realidade empirica por não aceitar o trabalho necessário de objetificação das relações subjetivas e objetivas que mantemos com o objeto. Um exemplo disso em termos mais metodologicos que epistemologicos é a etnometodologia. Nela se fala até de "generosidade epistemologica" em oposição à tradicional "ruptura epistemológica". "Os atores são conscientes de si[nesse sentido a psicanalise ajuda-me a dizer não a certos exageros!], o esforço do sociologo deve ser descritivo e não analítico, etc." Todos esses argumentos que, de uma maneira ou de outra, nivelam formas de pensar diferentes em nome de um falso humanismo, são por mim rejeitados. Pois não vejo como a ciência pode não estar em oposição ao senso comum. E Husserl em pessoa, como também Bergson(representante maior do elitismo itelectual na França deve demorar em aparecer!) opunham suas formas de pensar ao "vulgato ordinário".
***
Voltando ao individuo, ao "eu socializado"
Falando da "teoria da personalidade" Luicien Sève diz o seguinte: " é naquilo que sua personalidade tem de mais essencialmente social que o individuo é mais singular, naquilo que ela(a personalidade) tem de essencialmente singular que ela é mais social". A grande dificuldade a superar é essa. Acho porém que podemos nos pensar como individuos sociais e socializados. E isso para o bem de nossa psicologia. Mesmo sendo aqui uma psciqué um pouco blogueira e cheia de narcisismo. Pois é isso.
Outro dia lembrava-me com carinho de um debate já antigo: Eu, Julia e Rafa discutiamos sobre cobras e largatos. Meu último post fez vir a tona essa lembrança, aproveito dela para considerar os comentários.
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Aproveitando
Estavamos não sei onde (também desconheço o motivo e o porquê) e falavamos algo sobre "a verdade", "o necessário relativismo", etc. Julia, já na UFPE e cursando psicologia, Eu e Rafa ainda naquele lenga lenga de cursinho para fazer vestibular. Não deixa de ser engraçado tentar lembrar dos recursos, dos esforços, das estripulias de uma forma de pensar diletante e intuitiva diante da maior lucidez de uma lógica regrada(para não dizer sistematizada, pois imagino que isso seja um passo a mais). E é assim como vem a lembrança: de um lado Julia com exemplos precisos, justos, organizados pela razão; de outro Eu e Rafa, mais eu porque sou teimoso e não era irmão, tentando juntar fragmentos de nossa "experiência escolar" com outros de outra ordem, para negar a verdade de Julia(que era relativa para ela) e deveria ser universal, para nós.
Claro, nenhum detalhe da conversa me ficou. Porém, por lembrar da época, advinho qual argumento eu devo ter tentado usar para provar a verdade última: a velha e boa matématica. Devo ter dito indignado e enfurecido com a superioridade de Julia: "mas dois mais dois são quatro em qualquer lugar do mundo, isso não é relativo!é?" Hoje teria vergonha de cair nesse "realismo platônico"(quase pitagórico), porém é preciso responder aos comentários explicando os avanços(?) dados por mim em busca de um realismo outro, a fim de explicitar o meu ponto de vista sem reduzi-lo.
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Racionalismo aplicado
Pois bem. Não creio que o esforço de objetivação, que passa necessáriamente por um tipo de separação sujeito-objeto, seja contestável de todo. Se implosão dessa separação foi feita, tenho a impressão de vê-la apenas na crítica incontestável da fenomenologia ao estatuto positivista da desvinculação entre os dois, em absoluto. Ou seja: o que antes era dado pelos positivistas como dado(os famosos fatos), agora tem que ser visto como construido(para alegria dos jornalistas que podem pensar às vezes que a realidade é construida por eles!) .Porém, se é verdade que "o ponto de vista cria o objeto", não é menos que não o pode criar a sua imagem e semelhança(como fazem alguns jornalistas e ciêntistas sociais mais ou menos bem informados!), e é nesse sentido que não me conformo na fenomenologia(tenho cuidado com os usos dela), e busco alcançar outros parametros epistemologicos de concepção do real.
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Exemplo da sociologia
Bourdieu dizia que o progresso nas ciências sociais dependia de um progresso nas condições de conhecimento. Para isso são nessarias, dizia ele, idas e vindas aos memos objetos, ocasioões para objetivar a relação subjetiva e objetiva ao objeto.
A sociologia que se diz fenomenológica, ao meu entender, faz meio trabalho e dificulta o trabalho de elaboração de objetos mais condizentes com a realidade empirica por não aceitar o trabalho necessário de objetificação das relações subjetivas e objetivas que mantemos com o objeto. Um exemplo disso em termos mais metodologicos que epistemologicos é a etnometodologia. Nela se fala até de "generosidade epistemologica" em oposição à tradicional "ruptura epistemológica". "Os atores são conscientes de si[nesse sentido a psicanalise ajuda-me a dizer não a certos exageros!], o esforço do sociologo deve ser descritivo e não analítico, etc." Todos esses argumentos que, de uma maneira ou de outra, nivelam formas de pensar diferentes em nome de um falso humanismo, são por mim rejeitados. Pois não vejo como a ciência pode não estar em oposição ao senso comum. E Husserl em pessoa, como também Bergson(representante maior do elitismo itelectual na França deve demorar em aparecer!) opunham suas formas de pensar ao "vulgato ordinário".
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Voltando ao individuo, ao "eu socializado"
Falando da "teoria da personalidade" Luicien Sève diz o seguinte: " é naquilo que sua personalidade tem de mais essencialmente social que o individuo é mais singular, naquilo que ela(a personalidade) tem de essencialmente singular que ela é mais social". A grande dificuldade a superar é essa. Acho porém que podemos nos pensar como individuos sociais e socializados. E isso para o bem de nossa psicologia. Mesmo sendo aqui uma psciqué um pouco blogueira e cheia de narcisismo. Pois é isso.
segunda-feira, abril 12, 2004
Coisas do amor (sentimentalismo livresco, entre outros)
A coisa mais irritante de um blogue é esse aspecto puramente autobiografico, egocêntrico, egoísta, "eu isso e eu aquilo", que na maioria das vezes parece inevitável na construção desses espaços virtuais do narcisismo mais vil e concreto de nosso tempo. Pode parecer inútil a busca desse distânciamento de si, desse esforço de objectivação de si, numa tetativa de mostrar que o importante é misturar uma miséria individual com outras, onde elas (as misérias) se transformam em fenômeno coletivo, se não social. Talvez não seja nunca vão relembrar,e vou fazê-lo sempre que possível, que quando escrevo em primeira pessoa, nesse eu teatralizado, não é de mim que falo, mas de um objeto, distanciado na mesura do possível no intento mesmo de não ser reduzida a minha existência recontada ao fardo dessa irreductibilidade, dessa unicidade tão única que proibe toda forma de troca simbólica.
E não foi por outra razão, falo do sentimento de antipatia para comigo mesmo ao atender a esse eunismo blogueiro, que li ontem de maneira um pouco compulsiva um livro de um sociólogo o qual não consigo esconder meu entusiasmo. Intitulado Esquisse pour une auto-analyse( Esboço para uma auto-análise), esse pequeno texto de pouco mais de cem páginas de Pierre Bourdieu, encheu minha fraca cultura de franca empatia, único sentimento possível para um estudante como eu diante de uma confissão tão sensível aos valores da ciência, da sociologia. Sem sentir-me mais inteligente ou capaz que outros, não pude não sentir uma emoção profunda ao ler as frases finais do livro: " Je n'ai jamais pensé que je commettais un acte d'arrogance sacrilège lorsque je posais, sans me prendre pour lui pour autant, comme tant de critiques inspirés, que Flaubert ou Manet était qulqu'un comme moi. Et rien ne me rendrait plus heureux que d'avoir réussi à faire que certains de mes lecteurs ou lectrices reconnaissent leurs expériences, leurs difficultés, leurs interrogations, leurs souffrances,etc., dans les miennes et qu'ils tirent de cette identification réaliste, qui est tout à fait à l'opposé d'une projection exaltée, des moyens de faire et de vivre un tout petit peu mieux ce qu'ils vivent et ce qu'ils font."( Eu nunca pensei cometer um ato de arrogância quando colocava, sem me colocar como ele, como tantos criticos inspirados, que Flaubert ou Manet era alguém como eu. E nada me faria mais feliz do que ter conseguido fazer que alguns de meus leitores ou leitoras reconhecendo suas experiencias, suas dificuldades, suas interogações, seus sofrimentos,etc., nas minhas, tirassem dessa identificação realista, que é exatamente o oposto de uma projeção exaltada, os meios para fazer e viver um pouco melhor o que vivem e o que fazem.)
Talvez pudesse dizer diante dessa minha juventude preguiçosa o quão o desejo do grande sociólogo francês parece próximo de meu desejo empacado(não vou divagar sobre as razões) de transformar-me num estudante aplicado.
Não sei da natureza das forças produtoras de minha lerdeza, porém ainda não desisti. Dentro desse percurso um pouco dolorido de construção de caminho, tento me inspirar desses textos condensadores da experiência alheia... Tento encontrar algo de mim lá dentro. Porém não de mim sozinho, isolado. Mas desse "eu" configurado na experiencia mesma do mundo, com outros tantos eus sigunlarmente comuns.
A coisa mais irritante de um blogue é esse aspecto puramente autobiografico, egocêntrico, egoísta, "eu isso e eu aquilo", que na maioria das vezes parece inevitável na construção desses espaços virtuais do narcisismo mais vil e concreto de nosso tempo. Pode parecer inútil a busca desse distânciamento de si, desse esforço de objectivação de si, numa tetativa de mostrar que o importante é misturar uma miséria individual com outras, onde elas (as misérias) se transformam em fenômeno coletivo, se não social. Talvez não seja nunca vão relembrar,e vou fazê-lo sempre que possível, que quando escrevo em primeira pessoa, nesse eu teatralizado, não é de mim que falo, mas de um objeto, distanciado na mesura do possível no intento mesmo de não ser reduzida a minha existência recontada ao fardo dessa irreductibilidade, dessa unicidade tão única que proibe toda forma de troca simbólica.
E não foi por outra razão, falo do sentimento de antipatia para comigo mesmo ao atender a esse eunismo blogueiro, que li ontem de maneira um pouco compulsiva um livro de um sociólogo o qual não consigo esconder meu entusiasmo. Intitulado Esquisse pour une auto-analyse( Esboço para uma auto-análise), esse pequeno texto de pouco mais de cem páginas de Pierre Bourdieu, encheu minha fraca cultura de franca empatia, único sentimento possível para um estudante como eu diante de uma confissão tão sensível aos valores da ciência, da sociologia. Sem sentir-me mais inteligente ou capaz que outros, não pude não sentir uma emoção profunda ao ler as frases finais do livro: " Je n'ai jamais pensé que je commettais un acte d'arrogance sacrilège lorsque je posais, sans me prendre pour lui pour autant, comme tant de critiques inspirés, que Flaubert ou Manet était qulqu'un comme moi. Et rien ne me rendrait plus heureux que d'avoir réussi à faire que certains de mes lecteurs ou lectrices reconnaissent leurs expériences, leurs difficultés, leurs interrogations, leurs souffrances,etc., dans les miennes et qu'ils tirent de cette identification réaliste, qui est tout à fait à l'opposé d'une projection exaltée, des moyens de faire et de vivre un tout petit peu mieux ce qu'ils vivent et ce qu'ils font."( Eu nunca pensei cometer um ato de arrogância quando colocava, sem me colocar como ele, como tantos criticos inspirados, que Flaubert ou Manet era alguém como eu. E nada me faria mais feliz do que ter conseguido fazer que alguns de meus leitores ou leitoras reconhecendo suas experiencias, suas dificuldades, suas interogações, seus sofrimentos,etc., nas minhas, tirassem dessa identificação realista, que é exatamente o oposto de uma projeção exaltada, os meios para fazer e viver um pouco melhor o que vivem e o que fazem.)
Talvez pudesse dizer diante dessa minha juventude preguiçosa o quão o desejo do grande sociólogo francês parece próximo de meu desejo empacado(não vou divagar sobre as razões) de transformar-me num estudante aplicado.
Não sei da natureza das forças produtoras de minha lerdeza, porém ainda não desisti. Dentro desse percurso um pouco dolorido de construção de caminho, tento me inspirar desses textos condensadores da experiência alheia... Tento encontrar algo de mim lá dentro. Porém não de mim sozinho, isolado. Mas desse "eu" configurado na experiencia mesma do mundo, com outros tantos eus sigunlarmente comuns.
sexta-feira, abril 09, 2004
"Cronologicamente a situação era a seguinte: um homem(sujeito) e uma mulher (obejeto) estavam casados"(Clarice Lispector)
Um texto de um não-filosofo
Na UFPE escutei pela primeira vez uma critica clara do positivismo. Lembro bem. Foi numa aula de introdução à Antropologia. Na época, incorporei bem e com entusiasmo àquela postura de negação da "arrogância iluminista", da "pretenção de descrever o real do mundo", do "mito do evolucionismo". Graças a não sei que Deus, não fui até o fim dessa caminhada. Tive oportunidade de rever alguns exageros. E assim, pude ler nessa união matrimonial entre sujeito e objeto, realizada na critica do "objetivismo positivista" , traços de uma arrogancia talvez mais brutal que a precedente.
A arrogância do primeiro consistia numa crença desmesurada na razão e na tecnica. Porém, o mundo restava timidamente uma realidade exterior ao homem que tentava desvendar seus mistérios. Na segunda, se aceitamos certos exageiros idealistas, o mundo existe apenas a partir de uma espécie de dependência entre o sujeito e sua consciência do mundo em questão. A realidade é tida como um dado imbricado ao sujeito/objeto, agora em uno. Ora, na minha opinião tentar descobrir um mundo que independe de mim é mais modesto, digamos, que aceitar uma verdade a qual precisa de mim para existir em si. Não acham?
Mas é preciso afinar ainda mais essa coisa toda. A fenomenologia é mais subtil e refinada e esquiva-se dos antigos quadros de disputa entre o idealismo vs matérialismo(realismo). Husserl faz uma leitura muito fina dos mecanismos de subjetivação e objetivação no sujeito. Constroi um "eu" todo especial para dar suporte a esse novo casamento entre sujeito e objeto. Porém, como diria Clarice Lispector, meu "eu" nunca é esse "em si" que responde livremente e faz escolhas. E é nesse sentido que essa filosofia da vida (mãe do existêncialismo de Heidegger a Sartre) parece tender a um universalismo emagador da historia. Eh assim que ela tenta lutar contra o determinismo forçando a produção teorica desse homem livre, um escolhedor de destinos. Eh engraçado ver como diferentes humanismos tentam atingir o mesmo obejtivo, a liberdade. Marx, por exemplo, também falava em homem como sujeito de sua propria historia. Porém, estudou os mecanismos externos da prisão de homens, produtores internos da ilusão de liberdade. Alain Touraine também fala de sujeito: homem que tem consciencia de sua historicidade. Que enfrenta a fragmentação do "moi" e constroi uma identidade na alteridade. A exceção de Marx, todos leram Husserl... Bem se não leram(falo da Clarice e de Touraine), tudo bem. Tem outro francês que leu, um tal de Michel Henry. Ele escreveu um livro que se chama Marx. Não sei se é irônia: mas é um estudo fenomenologico do barbudo.
Agora que disse todas essas asneiras sem nenhum controle. Termino sem conclusão. Para os que tiveram coragem de ler esses três paragrafos: boa noite.
Um texto de um não-filosofo
Na UFPE escutei pela primeira vez uma critica clara do positivismo. Lembro bem. Foi numa aula de introdução à Antropologia. Na época, incorporei bem e com entusiasmo àquela postura de negação da "arrogância iluminista", da "pretenção de descrever o real do mundo", do "mito do evolucionismo". Graças a não sei que Deus, não fui até o fim dessa caminhada. Tive oportunidade de rever alguns exageros. E assim, pude ler nessa união matrimonial entre sujeito e objeto, realizada na critica do "objetivismo positivista" , traços de uma arrogancia talvez mais brutal que a precedente.
A arrogância do primeiro consistia numa crença desmesurada na razão e na tecnica. Porém, o mundo restava timidamente uma realidade exterior ao homem que tentava desvendar seus mistérios. Na segunda, se aceitamos certos exageiros idealistas, o mundo existe apenas a partir de uma espécie de dependência entre o sujeito e sua consciência do mundo em questão. A realidade é tida como um dado imbricado ao sujeito/objeto, agora em uno. Ora, na minha opinião tentar descobrir um mundo que independe de mim é mais modesto, digamos, que aceitar uma verdade a qual precisa de mim para existir em si. Não acham?
Mas é preciso afinar ainda mais essa coisa toda. A fenomenologia é mais subtil e refinada e esquiva-se dos antigos quadros de disputa entre o idealismo vs matérialismo(realismo). Husserl faz uma leitura muito fina dos mecanismos de subjetivação e objetivação no sujeito. Constroi um "eu" todo especial para dar suporte a esse novo casamento entre sujeito e objeto. Porém, como diria Clarice Lispector, meu "eu" nunca é esse "em si" que responde livremente e faz escolhas. E é nesse sentido que essa filosofia da vida (mãe do existêncialismo de Heidegger a Sartre) parece tender a um universalismo emagador da historia. Eh assim que ela tenta lutar contra o determinismo forçando a produção teorica desse homem livre, um escolhedor de destinos. Eh engraçado ver como diferentes humanismos tentam atingir o mesmo obejtivo, a liberdade. Marx, por exemplo, também falava em homem como sujeito de sua propria historia. Porém, estudou os mecanismos externos da prisão de homens, produtores internos da ilusão de liberdade. Alain Touraine também fala de sujeito: homem que tem consciencia de sua historicidade. Que enfrenta a fragmentação do "moi" e constroi uma identidade na alteridade. A exceção de Marx, todos leram Husserl... Bem se não leram(falo da Clarice e de Touraine), tudo bem. Tem outro francês que leu, um tal de Michel Henry. Ele escreveu um livro que se chama Marx. Não sei se é irônia: mas é um estudo fenomenologico do barbudo.
Agora que disse todas essas asneiras sem nenhum controle. Termino sem conclusão. Para os que tiveram coragem de ler esses três paragrafos: boa noite.
terça-feira, abril 06, 2004
Les Choristes
Acabo de chegar do cinema. Vi muita beleza. Fazia tempo que procurava ternura na sétima arte em vão. Quanta vida recontada, e com qual graça e lirismo! Chorei porque fazia tempo que não via tantos sentimentos bons sem sentimentalismo. Saudade.
O filme reconta a historia de Clémont Mathieu, um educador. Um professor de musica fracassado, desempregado e aceito como "auxiliar de professor" num internato no periodo do pos-guerra. Logo na chegada Mathieu encontra um ambiente pedagogico repressivo. Não vou alongar em detalhes... Revelo logo, o bonito do filme é o seguinte: ele vai aos poucos, através do canto, mudando a forma de encarar as crianças dificeis la internadas. Mas mudando mesmo. Antes da chegada dele, os garotos eram violentos em e por principio aos olhos do diretor do estabelecimento, e aos do expectador também um pouco. Diante do olhar sereno do recem chegado, a meninada ganhava um outro sentido. Ela dava um sentido. E tudo isso mediado por um canto cheio ternura... Se eu pudesse escrever o canto, se pudesse cantar aqui, reproduzir a beleza, o som. Ah palavras inuteis!
Acho que fiquei apaixonado pelo personagem. Tudo nele me pareceu encantador. Talvez esse encanto, pondero, tenha sido fruto dessa estranha utopia dele a qual sinto-me atachado, a da educação. As vezes sinto vontade de me deixar levar por esse sonho de ensinar o fundamental, o basico e largar todo o resto. Ir ao contato do mundo em seu estado bruto, não se deixar levar pela dureza dos encontros. Educar. Verbo misterioso, sem sentido. Falar do prazer de aprender e apreender as coisas. Das dores e agonias geradas por isso. Voltar e dizer sobre a realidade da caverna produzida pelo efeito da luz. Luminosidade que machuca os olhos. Coisa da filosofia, dessa vontade de entender... Serah que isso se ensina? Tavez não.
Eita. Vi que foi empolgação demais por hoje. Terminei sem comentar o filme direito. Mas espero que vocês possam assisti-lo. Vale a pena. Boa noite!
Acabo de chegar do cinema. Vi muita beleza. Fazia tempo que procurava ternura na sétima arte em vão. Quanta vida recontada, e com qual graça e lirismo! Chorei porque fazia tempo que não via tantos sentimentos bons sem sentimentalismo. Saudade.
O filme reconta a historia de Clémont Mathieu, um educador. Um professor de musica fracassado, desempregado e aceito como "auxiliar de professor" num internato no periodo do pos-guerra. Logo na chegada Mathieu encontra um ambiente pedagogico repressivo. Não vou alongar em detalhes... Revelo logo, o bonito do filme é o seguinte: ele vai aos poucos, através do canto, mudando a forma de encarar as crianças dificeis la internadas. Mas mudando mesmo. Antes da chegada dele, os garotos eram violentos em e por principio aos olhos do diretor do estabelecimento, e aos do expectador também um pouco. Diante do olhar sereno do recem chegado, a meninada ganhava um outro sentido. Ela dava um sentido. E tudo isso mediado por um canto cheio ternura... Se eu pudesse escrever o canto, se pudesse cantar aqui, reproduzir a beleza, o som. Ah palavras inuteis!
Acho que fiquei apaixonado pelo personagem. Tudo nele me pareceu encantador. Talvez esse encanto, pondero, tenha sido fruto dessa estranha utopia dele a qual sinto-me atachado, a da educação. As vezes sinto vontade de me deixar levar por esse sonho de ensinar o fundamental, o basico e largar todo o resto. Ir ao contato do mundo em seu estado bruto, não se deixar levar pela dureza dos encontros. Educar. Verbo misterioso, sem sentido. Falar do prazer de aprender e apreender as coisas. Das dores e agonias geradas por isso. Voltar e dizer sobre a realidade da caverna produzida pelo efeito da luz. Luminosidade que machuca os olhos. Coisa da filosofia, dessa vontade de entender... Serah que isso se ensina? Tavez não.
Eita. Vi que foi empolgação demais por hoje. Terminei sem comentar o filme direito. Mas espero que vocês possam assisti-lo. Vale a pena. Boa noite!
domingo, abril 04, 2004
Poça de Lama
Descrição de personagens
Raul, irmão de Romero e Ricardo. Filho do meio, como se diz, de Isabel e Raimundo. Criança de olho triste, fundo. Quase negro.Tem jeito de trombadinha. A mãe, apesar disso, além de o achar bonito, insiste em chama-lo de Meu Rei, de Meu Rico, de Meu Reino. Taxonomia nobre, de profunda demonstração de carinho para com o garoto de pobreza tão evidente.Sim, o corpo dele é fino, sem esperança. Mesmo assim, bateu peladas no Buracão.
Romero, irmão menor e mais chato, é tão magro que mesmo a maldade dele em periodo de odio é mingua e fraca. Ele tem cacimbas la onde outros seres humanos calculam ter saboneteiras. Coisa incrivel, nele, entre o ombro e o peito, pode-se guardar um pouco de agua em épocas de chuva. Penoso. Tapado. Carniçeiro. Urubu. Uma criança como tantas outras daquele lugar. Ele também jogou bola no Buracão.
Ricardo. A ameaça do maior e do mais forte. Dentes de cavalo. Cascudo adulto, defensor da prole moribunda. Autoridade arbitraria. Um tirano. Menos magro. Ainda menos negro. Ja transa com garotas. Se não faz, ensina uma tal de punheta. Diz ser quase o mesmo que foder. Sim, foi atacante no Buracão.
Descrição do local
O Buracão é um campo de futebol nos cafundois do Judas. Situa-se entre o fim de mundo e o começo de um outro fim, mais duradouro. Depois dessa região limitrofe, existe apenas uma linha de trem onde mortos aparecem de quando em vez. Individuos sem importância, pois aprende-se rapido a razão da morte deles: são pessoas màs, gente ligada ao trafico. Sujeitos fadados a esse tipo de destino.
Finalmente a poça
Paulinho jogava bola com alguns amigos na quadra da UR-6. O chão pegava fogo, o sol era de rachar, e todos continuavam naquela danação de pelada. Imagino que Dante não poderia ver crianças em inferno daqueles.
Os pés dos pequenos demonios, ja acostumados com toda dor, so esperavam tocar na bola para driblar e mostrar mais pericia.
Entre os de seu time, Queinho, Raul e Piu. Entre os inimigos Dinho, Ricardo e Daniel Capeta. Depois de horas a fio de futebol violento, sangrento, e idas e vindas aos bancos de espera, Helder, irmão do tal Paulinho voltou para casa. Nesse momento alguns grandes chegaram expulsando os menores, mais ou menos às 4:00 horas da tarde. Era sempre assim, na hora que o sol decia e a temperatura ficava amena os maiores usavam da lei do mais forte.
Nesse dia os pequenos decidiram continuar o jogo no famoso e temido Buracão. O problema é que o tempo mudara rapidamente e o sol dera lugar a nunves negras. A chuva era certa. Mas a vontade de jogar talvez fosse ainda mais. Então os mais teimosos, cheios de medo, partiram pela primeira vez sozinhos para o campo dos grandes. Afinal, sair de um inferno seco para um molhado, não poderia ser tão horrivel assim.
Pelada de gigantes na lama. Do pescoço para baixo era canela. Porrada não faltou. Porém, nenhuma pancada podia ser maior do que a da bola parada na poça de lama...
Momento tenso. Raul, o menor dentre todos naquele lugar imenso foi buscar a bola encharcada.Paulinho olhava tudo, perplexo. Pegando nela com a mão, o menino com jeito de trobadinha sente um pé encravado na terra. Aquele negro pequeno e magro gritava, não queria mais jogar. Tinha visto um morto. Daqueles sem importancia. O grito de pavor parecia indicar uma consciencia esquisita: quem teria o mesmo destino?
O presente mostrou o seguinte:
Piu, morto com tiro na frente de casa. Dinho, perseguido, acuado e não se sabe se continua vivo. Daniel foi assassinado de maneira cruel e o corpo deixado na frente da casa da madrasta. Raul, Romero e Ricardo devem estar bem, graças a deus. Paulinho conta a historia em terceira pessoa, com medo do pavor intimo de toda confissão.
Descrição de personagens
Raul, irmão de Romero e Ricardo. Filho do meio, como se diz, de Isabel e Raimundo. Criança de olho triste, fundo. Quase negro.Tem jeito de trombadinha. A mãe, apesar disso, além de o achar bonito, insiste em chama-lo de Meu Rei, de Meu Rico, de Meu Reino. Taxonomia nobre, de profunda demonstração de carinho para com o garoto de pobreza tão evidente.Sim, o corpo dele é fino, sem esperança. Mesmo assim, bateu peladas no Buracão.
Romero, irmão menor e mais chato, é tão magro que mesmo a maldade dele em periodo de odio é mingua e fraca. Ele tem cacimbas la onde outros seres humanos calculam ter saboneteiras. Coisa incrivel, nele, entre o ombro e o peito, pode-se guardar um pouco de agua em épocas de chuva. Penoso. Tapado. Carniçeiro. Urubu. Uma criança como tantas outras daquele lugar. Ele também jogou bola no Buracão.
Ricardo. A ameaça do maior e do mais forte. Dentes de cavalo. Cascudo adulto, defensor da prole moribunda. Autoridade arbitraria. Um tirano. Menos magro. Ainda menos negro. Ja transa com garotas. Se não faz, ensina uma tal de punheta. Diz ser quase o mesmo que foder. Sim, foi atacante no Buracão.
Descrição do local
O Buracão é um campo de futebol nos cafundois do Judas. Situa-se entre o fim de mundo e o começo de um outro fim, mais duradouro. Depois dessa região limitrofe, existe apenas uma linha de trem onde mortos aparecem de quando em vez. Individuos sem importância, pois aprende-se rapido a razão da morte deles: são pessoas màs, gente ligada ao trafico. Sujeitos fadados a esse tipo de destino.
Finalmente a poça
Paulinho jogava bola com alguns amigos na quadra da UR-6. O chão pegava fogo, o sol era de rachar, e todos continuavam naquela danação de pelada. Imagino que Dante não poderia ver crianças em inferno daqueles.
Os pés dos pequenos demonios, ja acostumados com toda dor, so esperavam tocar na bola para driblar e mostrar mais pericia.
Entre os de seu time, Queinho, Raul e Piu. Entre os inimigos Dinho, Ricardo e Daniel Capeta. Depois de horas a fio de futebol violento, sangrento, e idas e vindas aos bancos de espera, Helder, irmão do tal Paulinho voltou para casa. Nesse momento alguns grandes chegaram expulsando os menores, mais ou menos às 4:00 horas da tarde. Era sempre assim, na hora que o sol decia e a temperatura ficava amena os maiores usavam da lei do mais forte.
Nesse dia os pequenos decidiram continuar o jogo no famoso e temido Buracão. O problema é que o tempo mudara rapidamente e o sol dera lugar a nunves negras. A chuva era certa. Mas a vontade de jogar talvez fosse ainda mais. Então os mais teimosos, cheios de medo, partiram pela primeira vez sozinhos para o campo dos grandes. Afinal, sair de um inferno seco para um molhado, não poderia ser tão horrivel assim.
Pelada de gigantes na lama. Do pescoço para baixo era canela. Porrada não faltou. Porém, nenhuma pancada podia ser maior do que a da bola parada na poça de lama...
Momento tenso. Raul, o menor dentre todos naquele lugar imenso foi buscar a bola encharcada.Paulinho olhava tudo, perplexo. Pegando nela com a mão, o menino com jeito de trobadinha sente um pé encravado na terra. Aquele negro pequeno e magro gritava, não queria mais jogar. Tinha visto um morto. Daqueles sem importancia. O grito de pavor parecia indicar uma consciencia esquisita: quem teria o mesmo destino?
O presente mostrou o seguinte:
Piu, morto com tiro na frente de casa. Dinho, perseguido, acuado e não se sabe se continua vivo. Daniel foi assassinado de maneira cruel e o corpo deixado na frente da casa da madrasta. Raul, Romero e Ricardo devem estar bem, graças a deus. Paulinho conta a historia em terceira pessoa, com medo do pavor intimo de toda confissão.
quinta-feira, abril 01, 2004
Clarice: amante de Cesar amante de livros
Puchkin parece impressinado com a intertextualidade dos blogs. Por isso decidi falar de um outro blog o qual gosto muito de ler. Além daquele de Dado, adoro ler o do amigo Cesar.(Nao vou dar o endereço para os chatos!)
Li outro dia alguns textos antigos, pois cheguei atrasado no universo do blogue dele. Encontrei um texto engraçado no qual reconheci uma Clarice um pouco modificada da minha. Cesar a tomava como amante, assim como ela fazia com o livro do Lobato, As reinaçoes de Narizinho, no conto Felicidade Clantdestina. Como por amizade lembrei que sempre vi no amigo com cabeça de sergipano aquela imagem de devorador de livros. Alguém com a capacidade de fingir que nao tinha um livro so para depois tomar o susto de o ter...
Dormir com a Clarice (Macabeia). Depois acordar com ela. Parece sonho falar assim. Intriga pensar nisso como uma outra forma de fingir(ler) um livro. Porém, em empatia, sinto-me livre para chamar isso de literatura. Pois transfigurada a imagem do real, o sonho quixotesco do blogue parece mais humano e vivo.
Vou indo. Acabou minha aula de informatica. Fim de tempo nesse espaço intertextual.
Puchkin parece impressinado com a intertextualidade dos blogs. Por isso decidi falar de um outro blog o qual gosto muito de ler. Além daquele de Dado, adoro ler o do amigo Cesar.(Nao vou dar o endereço para os chatos!)
Li outro dia alguns textos antigos, pois cheguei atrasado no universo do blogue dele. Encontrei um texto engraçado no qual reconheci uma Clarice um pouco modificada da minha. Cesar a tomava como amante, assim como ela fazia com o livro do Lobato, As reinaçoes de Narizinho, no conto Felicidade Clantdestina. Como por amizade lembrei que sempre vi no amigo com cabeça de sergipano aquela imagem de devorador de livros. Alguém com a capacidade de fingir que nao tinha um livro so para depois tomar o susto de o ter...
Dormir com a Clarice (Macabeia). Depois acordar com ela. Parece sonho falar assim. Intriga pensar nisso como uma outra forma de fingir(ler) um livro. Porém, em empatia, sinto-me livre para chamar isso de literatura. Pois transfigurada a imagem do real, o sonho quixotesco do blogue parece mais humano e vivo.
Vou indo. Acabou minha aula de informatica. Fim de tempo nesse espaço intertextual.
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Quem sou eu (no blogue)
- Jampa
- Recife, Pernambuco, Brazil
- Aqui farei meu diario quase intimo. Mentirei quando preciso. Escreverei em português e, mal ou bem, seguirei com certa coerência as ocilações do espirito, carater e gosto. Desprovido de inteligência precisa, justa será apenas o nome da medida que busca o razoavel no dito. Esperançoso. Jovem gasto, figura preguiçosa e de melancolia tropical sem substância. Porém, como já exprimido em primeiro adjetivo, qualificado e classificado na etiqueta quixotesca. Com Dulceneas e figuras estranhas o "oxymore" pode ser visto como ode a uma máxima de realismo outro do de Cervantes: "bien écrire le médiocre", dizia Flaubert. Mediocres serão meus dizeres. Bem ditos, duvido. Por isso convenho: os grandes nomes citados não devem causar efeito de legitimação. E previno: o estilo do autor das linhas prometidas é tosco, complicado e chato. O importante é misturar minha miséria com outras. Assim o bem dito será o nome de uma vontade de partilhar uma condição e não o da sutileza formal. A bem dizer, aqui findo com minha introdução.