Tradução de Introdução(enviada por Ton)
A tradução não está perfeita. Longe disso. Acho que Ton deve ter colocado meu texto num tradutor automático desses da vida. Corrigi os erros mais grosseiros. Perde-se em estilo, mas também um pouco de sentido. A palavra "demarche", por exemplo, deve ser substituida por um grupo de palavras que designe as maneiras de fazer algo especificamente. "Demarche" é a maneira pela qual se usa um método. E a tradução disso é dificil. Mas vou postar a mando de Ton. Assim democratizo mais as minhas lezeiras.
Introdução
Nietzsche, num texto sobre os filósofos pré-socraticos, tentou transformar aquilo que é considerado como um defeito (a ausência de demonstração) numa qualidade.Analisando a frase emblemática de Tales de Mileto "tudo é água", observou que a virtude do primeiro filósofo ocidental era ter encontrado a boa pergunta (que é que tudo é?), sem passar por todas as exigências de verificação empírica. É a intuição que existe uma tensão desta ordem entre a literatura e a Sociologia que conduziu-nos a escrever esta dissertação.
Recordamo-nos igualmente os pensamentos de Nietzsche, de acordo com o qual o homem criou a arte para poder suportar a realidade, e Weber, quem dizia ter escolhido a ciência a fim de verificar até onde poderia suportar esta realidade. Daí um paralelo nos apareceu entre estas duas disciplinas freqüentemente opostas devido às suas diferentes formas de abordagem, a literatura mais livre, ou seja, liberada das exigências metodológicas de representatividade, das demonstrações teóricas e da produções de dados empíricos próprias às ciências.Assim se deu em nós a idéia de um estudo que põe em relação Sociologia e literatura.
Desejávamos, além disso, estudar um autor brasileiro e a nossa escolha levou-se rapidamente sobre Graciliano Ramos, este por várias razões que desenvolveremos na nossa parte consacrada à metodologia. Digamos apenas aqui que é um dos maiores escritores brasileiros século XX e que tem uma maneira específica de criar baseada numa observação meticulosa da sociedade, que reproduz nos seus romances, conferindo a estes um interesse sociológico certo. No entanto, como veremos, é no seu caráter propriamente literário que os seus romances são produtores de uma leitura sociológica da realidade da época. É o que qualificaremos de "reciprocidade explicativa". Toda nosso esforço
visará demonstrar como esta reciprocidade nasce da tensão que existe entre literatura e Sociologia.
A fim de levar a efeito esta investigação, começaremos por mostrar como, na história da Sociologia, surgiu e em seguida se desenvolveu a idéia de uma análise sociológica da literatura. De Comte a Pierre Bourdieu, passando por Durkheim e Wolf Lepenies, o nosso trabalho será destacar a forma como a Sociologia reconheceu gradualmente elementos literários como utilizáveis no âmbito de uma maneira sociológica.
Em seguida explicaremos as posturas metodológicas que adotamos para este estudo. Justificaremos principalmente o cruzamento das nossas referências teóricas (Pierre Bourdieu e Bernard Lahire principalmente), e orientaremos a confrontação da teoria com o objeto, quem é a fonte da construção da nossa problemática.
Por último, analisaremos o romance São Bernardo de Graciliano Ramos a fim de mostrar como funciona nesta livro a reciprocidade explicativa entre literatura e Sociologia. A análise dispositionnalista desenvolvida por Bernard Lahire nos permite mostrar como a verossimilhança literária deste livro nasce da compreensão da sua verossimilhança sociológica.
terça-feira, maio 18, 2004
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Quem sou eu (no blogue)
- Jampa
- Recife, Pernambuco, Brazil
- Aqui farei meu diario quase intimo. Mentirei quando preciso. Escreverei em português e, mal ou bem, seguirei com certa coerência as ocilações do espirito, carater e gosto. Desprovido de inteligência precisa, justa será apenas o nome da medida que busca o razoavel no dito. Esperançoso. Jovem gasto, figura preguiçosa e de melancolia tropical sem substância. Porém, como já exprimido em primeiro adjetivo, qualificado e classificado na etiqueta quixotesca. Com Dulceneas e figuras estranhas o "oxymore" pode ser visto como ode a uma máxima de realismo outro do de Cervantes: "bien écrire le médiocre", dizia Flaubert. Mediocres serão meus dizeres. Bem ditos, duvido. Por isso convenho: os grandes nomes citados não devem causar efeito de legitimação. E previno: o estilo do autor das linhas prometidas é tosco, complicado e chato. O importante é misturar minha miséria com outras. Assim o bem dito será o nome de uma vontade de partilhar uma condição e não o da sutileza formal. A bem dizer, aqui findo com minha introdução.
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