sábado, julho 17, 2004

Dialogando com Cesar: Walter, Nietszche sem paidéia

Plano:

Vamos(...), nesse nós retórico e polido, vamos começar pelo O Idiota da Família e a ilusão da biografia total. Mas iniciar o quê? Chamemos isso de conversa. Continuemos em seguida, com porquês comuns, com o problema da petulância como medida da verossimilhança do personagem. E, para por fim ao início da conversa, faremos considerações sobre os limites de nosso diálogo.

1- Dialogo solitário: o existêncialismo é um humanismo sem história

Jampa - Tendo como base as leituras de dois textos de Bourdieu (L'illusion biographique- A ilusão biográfica- e o próprio Les règles de l'art- As regras da arte), acredito que o autor propunha o seguinte: o limite de toda biografia é dado menos pelo fato dela proceder recrutando traços típicos de uma personalidade específica, e mais pela ambição (essa sim real detentora da ilusão biográfica) de reconstruir uma personalidade tal qual em sua totalidade, digamos assim, real e absoluta. De fato no O Idiota da Família Sartre tenta vislumbrar um Flaubert necessariamente Flaubert, esvaziando assim as determinantes socio-históricas da construção de um escritor que se fez, apesar dele, dentro de continuidades e descontinuidades próprias à definição(sociológicamente aceitável) de qualquer personalidade. Para centrar nosso debate proponho situar o necessário estrangular da história feito pelos existencialistas, em particular pelos dois autores citados: Sartre e Nietszche. Tanto um quanto outro preocupavam-se menos com processos socializadores(amores e desamores só podem forjar o homem na medida em que este internaliza e exterioriza de alguma forma elementos desse passado composto-amores e desamores- no presente da existência), e mais com os lampejos de liberdade inspirados por um Eu abstrato e escolhedor de destinos. Quando Nietszche pergunta como um homem se torna aquilo que ele é, ele quer saber menos da socialização(determinante e estrutural por natureza) e mais da vontade(liberadora e audaz em princípio), ele questiona, como Sartre, aquilo que o homem pode fazer com o aquilo que fizeram dele.

2- Walter é existencialista?

Jampa de novo - Colocando o problema nesses termos poderíamos então inferir as seguintes questões com relação ao autor do Diários de motocicleta: que tipo de reconstrução ele quis viabilizar e quais as maneiras de produzir o verossímil dessa ficção?; e, para critério de medida do esforço do autor, uma vez reconhecida a estratégia de reconstrução biográfica, que tipo de verossimilhança é cabida para produzir o efeito estético satisfatório?(Questões pra debate!)
Não creio que Walter tivesse em mente filmar a odicéia do habitus de Che. Por isso, atendo-me aos anseios pavorosos de nosso tempo de ontologia fenomenológica, creditei o verossímil ao personagem sem dúvida caricato do ''aprendiz de revolucionário'' com suas disposições inatas.

3- Limites

Mais uma vez Jampa -Não sei até que pontos essas "visões filosóficas" do mundo ajudam ou prejudicam o bom apreciar do filme. Nós dois gostamos. Porém, gostar explica pouco dos amores e desamores do nosso gosto. Acredito porém na consonância de certos aspectos de nossas opiniões que divergem em níveis diferentes da avaliação do filme. Apostaria nela(na consonância) caso a querela prossiga. Seria preciso situar essas divergencias em um nível específico do debate para que o dialogo se prolongue de maneira profícua.

Sem mais churumelas. Fico aqui.


4- Cesar ...(ou alguem que queira concordar comigo ou discordar de mim!)




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Quem sou eu (no blogue)

Recife, Pernambuco, Brazil
Aqui farei meu diario quase intimo. Mentirei quando preciso. Escreverei em português e, mal ou bem, seguirei com certa coerência as ocilações do espirito, carater e gosto. Desprovido de inteligência precisa, justa será apenas o nome da medida que busca o razoavel no dito. Esperançoso. Jovem gasto, figura preguiçosa e de melancolia tropical sem substância. Porém, como já exprimido em primeiro adjetivo, qualificado e classificado na etiqueta quixotesca. Com Dulceneas e figuras estranhas o "oxymore" pode ser visto como ode a uma máxima de realismo outro do de Cervantes: "bien écrire le médiocre", dizia Flaubert. Mediocres serão meus dizeres. Bem ditos, duvido. Por isso convenho: os grandes nomes citados não devem causar efeito de legitimação. E previno: o estilo do autor das linhas prometidas é tosco, complicado e chato. O importante é misturar minha miséria com outras. Assim o bem dito será o nome de uma vontade de partilhar uma condição e não o da sutileza formal. A bem dizer, aqui findo com minha introdução.