quinta-feira, maio 13, 2004

Jah que não tenho tempo de escrever eu mesmo, deixo pra vocês opiniões de amigos sobre temas atuais. Abraço.

Liberdade de imprensa e democracia(Por Diogo Valença)


As manifestações de repúdio à cassação do visto do jornalista norte-americano Larry Rother, autor de artigo calunioso e desrespeitos à imagem do Presidente do Brasil, Luís Inácio Lula da Silva, são, no mínimo, hipócritas e farisaicas, típicas do pensamento elitista e conservador brasileiro, “dos que sabem mais”, “dos que sabem governar”, “dos políticos profissionais”, “doutos na arte do diálogo” e “paladinos da democracia”, ou melhor, dos “defensores da normalidade democrática, da ordem e da paz social”. Não sou favorável ao Governo Lula, não por motivos de incompetência ou de irresponsabilidade ou burrice ou amadorismo da administração petista. Meus motivos estão relacionados com o que se poderia de chamar de “cretinismo parlamentar” do PT, o seu jogo desastroso de alianças políticas, que não são estratégicas para uma alternativa popular de poder, com a sua submissão ao ideário burguês, já demonstrado na prática pela manutenção da política econômica de nítidos contornos neoliberais e a sua colocação como esquerda da burguesia, ao assumir a tarefa de uma transição histórica que a direita não tinha mais forças para realizar. Porém, minhas discordâncias são de caráter político e não estão relacionadas aos estigmas e aos preconceitos das origens sociais do Presidente Lula, que se expressam nas piadas de mal gosto sobre o nível formação do Presidente, sua incapacidade, sua burrice, seu hábito de beber, que seria típico do homem do povo, bêbado e vagabundo. O pensamento elitista brasileiro concede apenas às elites a capacidade de pensar, de governar, de ser competente e profissional, ao mesmo tempo em que a massa de miseráveis deve ser guiada e governada porque não sabe pensar e só entende a linguagem do mandonismo e da violência. O mais lamentável nisso tudo não é fato de um repórter norte-americano escrever o que escreveu sobre o Presidente, mas o fato de isso ser uma crença íntima de muitos brasileiros acéfalos, de mente turva e preconceitos arcaicos.
As manifestações de repúdio nada mais significaram do que uma demonstração do conservadorismo e do arcaísmo do pensamento elitista brasileiro, não se poupando qualificações de burrice, amadorismo político, autoritarismo (safa!) e falta de respeito aos princípios democráticos da parte de quem mais esteve ao lado da repressão e da institucionalização da repressão no Brasil, ao lado dos interesses do grande capital internacional e da burguesia nacional títere e pró-imperialista, em suma, de quem contribuiu para uma tão apregoada transição democrática, a chamada Nova República, que, na verdade, foi um engodo e uma perpetuação da ditadura militar por outros meios. Esse acontecimento, como não podia deixar de ser, foi um prato cheio para a imprensa e os órgãos que defendem a sua liberdade de expressão. O Jornal do Commercio, apenas para citar um exemplo, ocupou duas páginas quase que inteiramente para tachar de burra a atitude do Presidente, engrossando o coro de uma suposta causa da democracia. Ora, só alguém muito ingênuo para acreditar que as notícias veiculadas pela grande imprensa não estão destinadas a manipular a opinião pública a favor dos interesses das oligarquias brasileiras. Não estamos falando aqui de uma imprensa verdadeira, mas de uma imprensa que serve a interesses bem específicos e que procuram perpetuar os preconceitos mais nojentos contra os movimentos sociais populares. Essa imprensa não merece nenhum respeito e não tem moral para criticar uma atitude enérgica, necessária e indispensável. A cassação do visto do norte-americano foi a melhor atitude que se devia tomar, não porque o jornalista tenha sujado o nome do presidente aos bons olhos da opinião pública internacional, mas porque não podemos deixar que qualquer um, seja ele quem for, perpetue preconceitos contra os países latino-americanos, africanos e asiáticos. Yankee go home!

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Quem sou eu (no blogue)

Recife, Pernambuco, Brazil
Aqui farei meu diario quase intimo. Mentirei quando preciso. Escreverei em português e, mal ou bem, seguirei com certa coerência as ocilações do espirito, carater e gosto. Desprovido de inteligência precisa, justa será apenas o nome da medida que busca o razoavel no dito. Esperançoso. Jovem gasto, figura preguiçosa e de melancolia tropical sem substância. Porém, como já exprimido em primeiro adjetivo, qualificado e classificado na etiqueta quixotesca. Com Dulceneas e figuras estranhas o "oxymore" pode ser visto como ode a uma máxima de realismo outro do de Cervantes: "bien écrire le médiocre", dizia Flaubert. Mediocres serão meus dizeres. Bem ditos, duvido. Por isso convenho: os grandes nomes citados não devem causar efeito de legitimação. E previno: o estilo do autor das linhas prometidas é tosco, complicado e chato. O importante é misturar minha miséria com outras. Assim o bem dito será o nome de uma vontade de partilhar uma condição e não o da sutileza formal. A bem dizer, aqui findo com minha introdução.