Jah que não tenho tempo de escrever eu mesmo, deixo pra vocês opiniões de amigos sobre temas atuais. Abraço.
Liberdade de imprensa e democracia(Por Diogo Valença)
As manifestações de repúdio à cassação do visto do jornalista norte-americano Larry Rother, autor de artigo calunioso e desrespeitos à imagem do Presidente do Brasil, Luís Inácio Lula da Silva, são, no mínimo, hipócritas e farisaicas, típicas do pensamento elitista e conservador brasileiro, “dos que sabem mais”, “dos que sabem governar”, “dos políticos profissionais”, “doutos na arte do diálogo” e “paladinos da democracia”, ou melhor, dos “defensores da normalidade democrática, da ordem e da paz social”. Não sou favorável ao Governo Lula, não por motivos de incompetência ou de irresponsabilidade ou burrice ou amadorismo da administração petista. Meus motivos estão relacionados com o que se poderia de chamar de “cretinismo parlamentar” do PT, o seu jogo desastroso de alianças políticas, que não são estratégicas para uma alternativa popular de poder, com a sua submissão ao ideário burguês, já demonstrado na prática pela manutenção da política econômica de nítidos contornos neoliberais e a sua colocação como esquerda da burguesia, ao assumir a tarefa de uma transição histórica que a direita não tinha mais forças para realizar. Porém, minhas discordâncias são de caráter político e não estão relacionadas aos estigmas e aos preconceitos das origens sociais do Presidente Lula, que se expressam nas piadas de mal gosto sobre o nível formação do Presidente, sua incapacidade, sua burrice, seu hábito de beber, que seria típico do homem do povo, bêbado e vagabundo. O pensamento elitista brasileiro concede apenas às elites a capacidade de pensar, de governar, de ser competente e profissional, ao mesmo tempo em que a massa de miseráveis deve ser guiada e governada porque não sabe pensar e só entende a linguagem do mandonismo e da violência. O mais lamentável nisso tudo não é fato de um repórter norte-americano escrever o que escreveu sobre o Presidente, mas o fato de isso ser uma crença íntima de muitos brasileiros acéfalos, de mente turva e preconceitos arcaicos.
As manifestações de repúdio nada mais significaram do que uma demonstração do conservadorismo e do arcaísmo do pensamento elitista brasileiro, não se poupando qualificações de burrice, amadorismo político, autoritarismo (safa!) e falta de respeito aos princípios democráticos da parte de quem mais esteve ao lado da repressão e da institucionalização da repressão no Brasil, ao lado dos interesses do grande capital internacional e da burguesia nacional títere e pró-imperialista, em suma, de quem contribuiu para uma tão apregoada transição democrática, a chamada Nova República, que, na verdade, foi um engodo e uma perpetuação da ditadura militar por outros meios. Esse acontecimento, como não podia deixar de ser, foi um prato cheio para a imprensa e os órgãos que defendem a sua liberdade de expressão. O Jornal do Commercio, apenas para citar um exemplo, ocupou duas páginas quase que inteiramente para tachar de burra a atitude do Presidente, engrossando o coro de uma suposta causa da democracia. Ora, só alguém muito ingênuo para acreditar que as notícias veiculadas pela grande imprensa não estão destinadas a manipular a opinião pública a favor dos interesses das oligarquias brasileiras. Não estamos falando aqui de uma imprensa verdadeira, mas de uma imprensa que serve a interesses bem específicos e que procuram perpetuar os preconceitos mais nojentos contra os movimentos sociais populares. Essa imprensa não merece nenhum respeito e não tem moral para criticar uma atitude enérgica, necessária e indispensável. A cassação do visto do norte-americano foi a melhor atitude que se devia tomar, não porque o jornalista tenha sujado o nome do presidente aos bons olhos da opinião pública internacional, mas porque não podemos deixar que qualquer um, seja ele quem for, perpetue preconceitos contra os países latino-americanos, africanos e asiáticos. Yankee go home!
quinta-feira, maio 13, 2004
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Quem sou eu (no blogue)
- Jampa
- Recife, Pernambuco, Brazil
- Aqui farei meu diario quase intimo. Mentirei quando preciso. Escreverei em português e, mal ou bem, seguirei com certa coerência as ocilações do espirito, carater e gosto. Desprovido de inteligência precisa, justa será apenas o nome da medida que busca o razoavel no dito. Esperançoso. Jovem gasto, figura preguiçosa e de melancolia tropical sem substância. Porém, como já exprimido em primeiro adjetivo, qualificado e classificado na etiqueta quixotesca. Com Dulceneas e figuras estranhas o "oxymore" pode ser visto como ode a uma máxima de realismo outro do de Cervantes: "bien écrire le médiocre", dizia Flaubert. Mediocres serão meus dizeres. Bem ditos, duvido. Por isso convenho: os grandes nomes citados não devem causar efeito de legitimação. E previno: o estilo do autor das linhas prometidas é tosco, complicado e chato. O importante é misturar minha miséria com outras. Assim o bem dito será o nome de uma vontade de partilhar uma condição e não o da sutileza formal. A bem dizer, aqui findo com minha introdução.
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