Lembras, João, jogaram uma pedra pontuda na tua cabeça. Algo de tua intelegência se fora alí. Depois foi o pé, mas alí por baixo a massa cizenta não podia sair. Então espera, pois na parada do ônibus, quando a quina de ferro branca encotrara a esquina do parietal... ah querido ego, quando a pele abrira e rasgara deixando o sangue vir ver a tarde chuvosa, percebes, naquele momento em que sentiras teu corpo esfriar, e tua mão tocara o buraco aberto em teu quengo, que ferida aberta em visão embassada!, choraras alí toda tua dor?, e as pessoas te olhando em volta, alí João, naquele chão, tu não puderas recalcar-se em nenhuma antropologia morbida dos olhares, nem ousaras recolher-se em nenhuma lembrança remota triste ou feliz. Por que tudo isso não te fizera serviço, não te servira de lição? Perderas tu tecido nervoso e com ele o medo de ousar conquistar novos mundos? Ou fugiras de casa aceitando uma condição de coitado incapaz de aprender? Luta de João contra a inteligência João? Coitado de si, do si de João, sempre preferira perder-se, esquecer-se dolorido. Briga, João, briga não. João mentiu. Ele mentira. Vivera atrás de um acidente... Aumentara para si a falsidade fazendo do buraco da agulha uma clatera lunar. Fez de um buraquinho aberto na proópria cabeça o descabaço violento do espírito, transformou-o em estupro desvastador de sua pobre mente vadia. Quem me dera que aquele acidente justificasse tudo? Embuste dos diabos. E repetira, quantas vezes repitira, "não aprendo bem por causa de um buraco na fronte". Tivera medo de não ser o mesmo. Tivera medo de ainda ser o mesmo. Nunca desmentiu. Reformulra muitas e muitas vezes com alguma destreza a ilusão que construiu para si. A consciência de João," não minta pra si mesmo João", se desdizia, "Ele não mente, mas sofre demais com sua conciência". João contra sua inteligência era duro demais e frouxo em demasia. Quem em sã e plena consciência de si mesmo poderia redimir-se? Sim, João sem razão, tens razão... segues sem lembraças. E esqueces do tempo do esquecera. Brinca de mais que perfeito desfazendo tua própria desilusão. Iluda-se mais uma vez, como já tantas vezes... fizeras.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Quem sou eu (no blogue)
- Jampa
- Recife, Pernambuco, Brazil
- Aqui farei meu diario quase intimo. Mentirei quando preciso. Escreverei em português e, mal ou bem, seguirei com certa coerência as ocilações do espirito, carater e gosto. Desprovido de inteligência precisa, justa será apenas o nome da medida que busca o razoavel no dito. Esperançoso. Jovem gasto, figura preguiçosa e de melancolia tropical sem substância. Porém, como já exprimido em primeiro adjetivo, qualificado e classificado na etiqueta quixotesca. Com Dulceneas e figuras estranhas o "oxymore" pode ser visto como ode a uma máxima de realismo outro do de Cervantes: "bien écrire le médiocre", dizia Flaubert. Mediocres serão meus dizeres. Bem ditos, duvido. Por isso convenho: os grandes nomes citados não devem causar efeito de legitimação. E previno: o estilo do autor das linhas prometidas é tosco, complicado e chato. O importante é misturar minha miséria com outras. Assim o bem dito será o nome de uma vontade de partilhar uma condição e não o da sutileza formal. A bem dizer, aqui findo com minha introdução.
Nenhum comentário:
Postar um comentário