Jampa: da sócio-analise `a psicanálise com ponderações sociológicas.
Eu já disse aqui em outro momento que falar de si mesmo é quase sempre um exercício narcisista. Acredito hoje, porem, que existem maneiras de recontar uma historia pessoal e tira-la de seu particularismo egocêntrico.
Sempre tentei nos meus escritos ter muito cuidado com as palavras. Afinal de contas elas, salvo engano, foram feitas para dizer. Leva-las a serio, sendo exercício pouco modesto e trabalhoso, principalmente para os profissionais da escrita, torna-se uma tortura, pois, ao que tudo indica, o artifício da atividade parece quase sempre matar a espontaneidade do escritor (que talvez devesse ter escolhido oficio de improvisador de palavras, que não sei bem se existe no mercado). Sejamos sempre espontâneos então meu deus! Nada mais chato do que um texto artificial, não é? Do que um texto acadêmico! Eu nunca consegui ter espontaneidade com a escrita...
Mas falar da palavra num texto que queria falar de mim, de um eu, não seria fuga? Não seria mais uma vez recusa da individualidade de Jampa?
Comecei a fazer uma psicanálise depois de alguns anos relutância pessoal e sociológica. O esforço de concentrar e entender o mundo (ou de criar vários mundos em mim) que uma e outra disciplina trazem de maneira tensa e rica tem sido uma nova descoberta de Jampa consigo mesmo. É engraçado estranhar através do dizer-me (e às vezes do silenciar, tão importante também nos processos tanto psicanalítico como no sócio-analítico) as maneiras de me perceber como homem (sim, aqui não no sentido de ser humano, mas de alguém do sexo masculino mesmo). Esse eu garoto socializado com valores e virtudes masculinas (juntas com minhas pulsões latentes), esse eu com seus conflitos com aspectos de feminilidade também incorporados (pela convivência com a mãe, com tias, etc.), esse eu em suma contrastado pela experiência subjetiva do Jampa no mundo hoje, todos eles (os eus de jampa) coexistindo no presente com suas ambigüidades de alguém que “entranha estranhar”. Entranho estranhar porque é o mais incógnito de mim, que não dizia nem pra mim mesmo, que sai do estranhar minhas entranhas. Coisa bizarra isso.
O que isso tem a ver com cuidar das palavras e ser responsável com elas? O que isso tem a ver com o transcender a condição de individuo atomizado e o compartilhar uma experiência de mundo com tantas outras existentes?
O mundo social parece nos oferecer obstáculos comuns (mas oferece mais entre pessoas pertencentes a agrupamentos sociais com padrões de homogeneidade) que explicitados pelos sociólogos, através da analise de contextos e da escuta sociológica das pessoas, possibilitam um compartilhar objetivado da experiência subjetiva do mundo. Acredito que o mundo psíquico, menos desvinculado do que se pode imaginar do mundo social, parece proporcionar limitações semelhantes. Nesse sentido, a experiência da psicanálise oferece oportunidade, através da escuta de elementos sociais e pessoais contidos em lugares inusitados do individuo (a psicanálise chama o mais famoso de inconsciente), de partilhar comigo mesmo um eu que não é mais tolhido de conexões com outros eus e com o mundo... um eu em grande parte criado dentro de mim a revelia de outros mundos.
Eu já disse aqui em outro momento que falar de si mesmo é quase sempre um exercício narcisista. Acredito hoje, porem, que existem maneiras de recontar uma historia pessoal e tira-la de seu particularismo egocêntrico.
Sempre tentei nos meus escritos ter muito cuidado com as palavras. Afinal de contas elas, salvo engano, foram feitas para dizer. Leva-las a serio, sendo exercício pouco modesto e trabalhoso, principalmente para os profissionais da escrita, torna-se uma tortura, pois, ao que tudo indica, o artifício da atividade parece quase sempre matar a espontaneidade do escritor (que talvez devesse ter escolhido oficio de improvisador de palavras, que não sei bem se existe no mercado). Sejamos sempre espontâneos então meu deus! Nada mais chato do que um texto artificial, não é? Do que um texto acadêmico! Eu nunca consegui ter espontaneidade com a escrita...
Mas falar da palavra num texto que queria falar de mim, de um eu, não seria fuga? Não seria mais uma vez recusa da individualidade de Jampa?
Comecei a fazer uma psicanálise depois de alguns anos relutância pessoal e sociológica. O esforço de concentrar e entender o mundo (ou de criar vários mundos em mim) que uma e outra disciplina trazem de maneira tensa e rica tem sido uma nova descoberta de Jampa consigo mesmo. É engraçado estranhar através do dizer-me (e às vezes do silenciar, tão importante também nos processos tanto psicanalítico como no sócio-analítico) as maneiras de me perceber como homem (sim, aqui não no sentido de ser humano, mas de alguém do sexo masculino mesmo). Esse eu garoto socializado com valores e virtudes masculinas (juntas com minhas pulsões latentes), esse eu com seus conflitos com aspectos de feminilidade também incorporados (pela convivência com a mãe, com tias, etc.), esse eu em suma contrastado pela experiência subjetiva do Jampa no mundo hoje, todos eles (os eus de jampa) coexistindo no presente com suas ambigüidades de alguém que “entranha estranhar”. Entranho estranhar porque é o mais incógnito de mim, que não dizia nem pra mim mesmo, que sai do estranhar minhas entranhas. Coisa bizarra isso.
O que isso tem a ver com cuidar das palavras e ser responsável com elas? O que isso tem a ver com o transcender a condição de individuo atomizado e o compartilhar uma experiência de mundo com tantas outras existentes?
O mundo social parece nos oferecer obstáculos comuns (mas oferece mais entre pessoas pertencentes a agrupamentos sociais com padrões de homogeneidade) que explicitados pelos sociólogos, através da analise de contextos e da escuta sociológica das pessoas, possibilitam um compartilhar objetivado da experiência subjetiva do mundo. Acredito que o mundo psíquico, menos desvinculado do que se pode imaginar do mundo social, parece proporcionar limitações semelhantes. Nesse sentido, a experiência da psicanálise oferece oportunidade, através da escuta de elementos sociais e pessoais contidos em lugares inusitados do individuo (a psicanálise chama o mais famoso de inconsciente), de partilhar comigo mesmo um eu que não é mais tolhido de conexões com outros eus e com o mundo... um eu em grande parte criado dentro de mim a revelia de outros mundos.
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