Antes da entrevista com Cesar
Antes de publicar algo, como havia prometido, da minha conversa com Cesar, gostaria de atentar para algumas idéias norteadoras que deram origem a entrevista. Faço isso porque acho importante falar de onde parto para tratar as informações deixadas no material, uma vez que as perguntas foram formuladas no sentido de trazer elementos para dar respostas a algumas dessas inquietações mais gerais. E por achar também que isso não gera problemas para trabalho em si, no sentido de pessoas que ainda não foram entrevistadas lerem esse texto e isso criar um enviesamento na mini-pesquisa. Acho que traria apenas mais reflexividade às resposta o que não seria de todo ruim. Claro, a entrevista com Cesar vai valer por por si só como leitura. A sociologia chega apenas como “maneira de adentrar” nesse universo e problematiza-lo. Ela bem poderia ser lida de outra forma, e a validade não seria necessariamente menor por isso.
Então vejamos: a entrevista foi realizada na intenção de recolher informações sobre os processos sociais agindo no momento da formação intelectual de alguns alunos do CFCH. A escolha de Cesar como “personagem” dessa análise tem como justificativa principal o enquadramento dele, em termos objetivos, nas categorias escolhidas como pertinentes para inteligibilidade de nosso argumento. Tais categorias existem para e na construção sociológica de nosso estudo na medida em que são empiricamente reconhecíveis no percurso escolar (agora sociologicamente enquadrado) e universitário da pessoa entrevistada. Como se trata de problematizar as relações sociais que influenciam no percurso acadêmico lidando com questões de legitimidade (queremos descrever os momentos das escolhas intelectuais salientando as tomadas de posição diante de um cenário de possibilidades existentes), as categorias retidas como operacionais são as que indicam, de alguma maneira, o que podemos chamar de modelo de excelência nos resultados escolar-acadêmicos. Dessa forma a “amostra” de entrevistados leva em conta a rentabilidade escolar dos escolhidos (que o são em função dessa mesma rentabilidade) e de suas respectivas trajetórias de “sucesso reconhecido” dentro da instituição. “Rentabilidade escolar” e “sucesso reconhecido” são categorias operacionais para nós na medida em que aceitamos, ou melhor, na medida em que se é aceito a legitimidade do sistema de notas e avaliação no qual as capacidades dos estudantes são postas a prova e reconhecidas formalmente pela instituição como sendo válidas. Não sou eu, Jampa, quem diz da rentabilidade ou sucesso escolar, são as notas, o currículo, o capital escolar medido em função desse desempenho de ordem formal.
Antes de publicar algo, como havia prometido, da minha conversa com Cesar, gostaria de atentar para algumas idéias norteadoras que deram origem a entrevista. Faço isso porque acho importante falar de onde parto para tratar as informações deixadas no material, uma vez que as perguntas foram formuladas no sentido de trazer elementos para dar respostas a algumas dessas inquietações mais gerais. E por achar também que isso não gera problemas para trabalho em si, no sentido de pessoas que ainda não foram entrevistadas lerem esse texto e isso criar um enviesamento na mini-pesquisa. Acho que traria apenas mais reflexividade às resposta o que não seria de todo ruim. Claro, a entrevista com Cesar vai valer por por si só como leitura. A sociologia chega apenas como “maneira de adentrar” nesse universo e problematiza-lo. Ela bem poderia ser lida de outra forma, e a validade não seria necessariamente menor por isso.
Então vejamos: a entrevista foi realizada na intenção de recolher informações sobre os processos sociais agindo no momento da formação intelectual de alguns alunos do CFCH. A escolha de Cesar como “personagem” dessa análise tem como justificativa principal o enquadramento dele, em termos objetivos, nas categorias escolhidas como pertinentes para inteligibilidade de nosso argumento. Tais categorias existem para e na construção sociológica de nosso estudo na medida em que são empiricamente reconhecíveis no percurso escolar (agora sociologicamente enquadrado) e universitário da pessoa entrevistada. Como se trata de problematizar as relações sociais que influenciam no percurso acadêmico lidando com questões de legitimidade (queremos descrever os momentos das escolhas intelectuais salientando as tomadas de posição diante de um cenário de possibilidades existentes), as categorias retidas como operacionais são as que indicam, de alguma maneira, o que podemos chamar de modelo de excelência nos resultados escolar-acadêmicos. Dessa forma a “amostra” de entrevistados leva em conta a rentabilidade escolar dos escolhidos (que o são em função dessa mesma rentabilidade) e de suas respectivas trajetórias de “sucesso reconhecido” dentro da instituição. “Rentabilidade escolar” e “sucesso reconhecido” são categorias operacionais para nós na medida em que aceitamos, ou melhor, na medida em que se é aceito a legitimidade do sistema de notas e avaliação no qual as capacidades dos estudantes são postas a prova e reconhecidas formalmente pela instituição como sendo válidas. Não sou eu, Jampa, quem diz da rentabilidade ou sucesso escolar, são as notas, o currículo, o capital escolar medido em função desse desempenho de ordem formal.
Nas entrevistas nos interessamos por todas as informações que tratem das estratégias de posicionamento no meio, que digam respeito ao ambiente de aceitação de certas idéias e posturas e, claro, rejeição de outras. As expectativas de aceitação no meio (que tipo de estudante é tido como melhor? Que tipo de trabalho é melhor, mais inteligente?) podem servir como “indicadores sociológicos” ou “indícios de um processo de socialização escolar-acadêmico” onde hierarquias de objetos, assuntos, maneiras de encarar a sociologia e outras disciplinas são estabelecidas.
Com suas construções hierárquicas sendo operadas por um jogo sutil de aceitação e acomodação sociais das potencialidades dos estudantes em universo universitário, essas lógicas de construção social operam no sentido de se camuflar e, socialmente, aparecem apenas como intelectualmente estabelecidas. Na verdade, fazemos hipótese, é o pertencimento mesmo ao mundo dado, pré-reflexivo num universo de reflexão, que explica alguns porquês dos sociólogos terem tanta dificuldade em aceitar que o mundo da sociologia também é regido por condicionamentos de ordem social. Com esse recorte teórico de material empírico específico (as entrevistas, que além da de Cesar pretendemos trazer outras de perfis diferentes) esperamos encontrar surpresas muito interessantes sobre as formas de funcionamento social de um universo que imagina se auto-conhecer e usa, não poucas vezes, a própria sociologia como recurso velador dos processos sociais que operam na produção de sociólogos e de suas respectivas sociologias.
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