quinta-feira, julho 15, 2004

O Che de Walter

Ontem fui ao cinema do Parque. Eu e Anne-Sophie adoramos o filme. Diários de motocicleta é suave, apesar de alguns lugares comuns pesados. Peso grande na já famosa natação asmática do jovém pré-revolucionário, um nado apagador de divisas simbólicas entre os enfermos e os sãos. Essa foi a parte mais desagradável... Acho que o jovém Che poderia ser ainda menos heróico.
Porém discordo do comentário feito por meu amigo Cesar. Nele o sergipando se referia a um certo monologismo do personagem, se eu bem entendi. De minha parte creio que existe muito daquela arrogância presente em alguns jovens. Com isso não quero dizer que não exista dúvidas no espírito de tais individuos. Mas a maneira de se comportarem enserram uma certeza enorme, prestes a convencer ao mais cético dos homens que a demonstração de segurança embrutecida é, em si mesma, verdadeira. Acho que Walter tornou esse tipo de atitude(a expressão dela) parte integrada do protagonista: existe verossimilhança na atitude incorrompível de Che. A falta de crises não implica uma visão esvaziada da humanidade dele, pois, se referindo a um modo de se dizer (o filme foi baseado nos diários), ela deixa supor que expressar incertezas não era o forte do futuro comandante Ernesto. O que devia ser bem verdade!
Além disso gostei muito da fotografia, muito bem cuidada. Alguns enquadramentos lembrando fotos do Sebastião Salgado(como as fotos dos sem terra, por exeplo). Elas até poderiam ser criticadas pelo mesmo motivo das do Sebastião: estetização da miséria. Porém nunca aceitei de bom grado essas críticas(muito faceis). Pelo que sei do fotógrafo em questão, ele sempre teve muito cuidado com a deontologia da profissão dele(o belo da miséria não é nunca nele uma beleza na miséria, sempre ví nas fotos dele a busca do humano como se dissesse ''mesmo o mais degradado dos homens continua sendo um homem...'' daí o belo).
Devo dizer, para acabar, que o ator foi bem escolhido do ponto de vista estético: o cara é tão gatinho quanto foi o próprio Ernesto. Pero chico, hijo de puta!
Fico com essa.
Hasta la vitoria. Siempre!

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Quem sou eu (no blogue)

Recife, Pernambuco, Brazil
Aqui farei meu diario quase intimo. Mentirei quando preciso. Escreverei em português e, mal ou bem, seguirei com certa coerência as ocilações do espirito, carater e gosto. Desprovido de inteligência precisa, justa será apenas o nome da medida que busca o razoavel no dito. Esperançoso. Jovem gasto, figura preguiçosa e de melancolia tropical sem substância. Porém, como já exprimido em primeiro adjetivo, qualificado e classificado na etiqueta quixotesca. Com Dulceneas e figuras estranhas o "oxymore" pode ser visto como ode a uma máxima de realismo outro do de Cervantes: "bien écrire le médiocre", dizia Flaubert. Mediocres serão meus dizeres. Bem ditos, duvido. Por isso convenho: os grandes nomes citados não devem causar efeito de legitimação. E previno: o estilo do autor das linhas prometidas é tosco, complicado e chato. O importante é misturar minha miséria com outras. Assim o bem dito será o nome de uma vontade de partilhar uma condição e não o da sutileza formal. A bem dizer, aqui findo com minha introdução.