segunda-feira, dezembro 13, 2004

O credo



Uma arvore atrás de um muro alto. O curioso quer saber o que há além daquele obstáculo. A própria dúvida leva-o à hipótese da existência de algo. Por que não um arbusto? Se eu creio que ele pode existir antes mesmo de apreender qualquer atributo dele em minha consciência, sou realista. Se diz a si mesmo, curiosamente.

Um realista é todo homem ou mulher crente em formas de existência independentes da razão. Ou relativamente independentes, pois, tais pessoas podem se dar conta da relativa igenuidade dessa crença. Do que vale o fato das coisas idependerem de meu modo de pensá-las se sempre que as penso verifico a integração dependente entre mim e elas? Objetos pensados são objetos construidos. Mas só isso?

A imbricação mutua entre sujeito e objeto não elimina a relação de resistência deste para com aquele. Mas o que isso quer dizer?

Quer dizer por exemplo que Jampa(sujeito), cansado e triste, vem para o seu blogue testar a paciência(objeto) dos seus poucos leitores(também objetos) para com assuntos completamente desprovidos de interesse(mais objetos que a paciência e que os leitores). O sujeito (Jampa), como vemos, não tem total contrôle sobre os objetos (leitores, assuntos desinteressantes e paciência). Nesse caso o elemento de objetificação não funciona como devido.Ou seja, o esforço de distanciamento entre o sujeito(Eu) e objeto(Vocês, etc.), responsável do trato epistemológico de ruptura entre um e outro(sujeito/objeto), não é efetivado. Isso ocorre porque de fato vocês e eu fazemos parte de um mesmo corpus de humanidade. Em resumo isso tudo ficaria assim: eu sujeito, sujeito vocês objetos-sujeitos a serem apenas objetos pora fins científicos(de paciência).

A arvore existe sem minha autorização cognitiva. Fico indignado com esse fato. Acho que ela só existe pensada. Pois que é que existe fora do pensamento racional ou não? Mas o pensamento imagina o mundo antes da Razão, da cultura, dos homens...

O curioso olha o muro. Ele se diz, sabe de uma coisa, na dúvida eu vou pegar é minha marreta...

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Quem sou eu (no blogue)

Recife, Pernambuco, Brazil
Aqui farei meu diario quase intimo. Mentirei quando preciso. Escreverei em português e, mal ou bem, seguirei com certa coerência as ocilações do espirito, carater e gosto. Desprovido de inteligência precisa, justa será apenas o nome da medida que busca o razoavel no dito. Esperançoso. Jovem gasto, figura preguiçosa e de melancolia tropical sem substância. Porém, como já exprimido em primeiro adjetivo, qualificado e classificado na etiqueta quixotesca. Com Dulceneas e figuras estranhas o "oxymore" pode ser visto como ode a uma máxima de realismo outro do de Cervantes: "bien écrire le médiocre", dizia Flaubert. Mediocres serão meus dizeres. Bem ditos, duvido. Por isso convenho: os grandes nomes citados não devem causar efeito de legitimação. E previno: o estilo do autor das linhas prometidas é tosco, complicado e chato. O importante é misturar minha miséria com outras. Assim o bem dito será o nome de uma vontade de partilhar uma condição e não o da sutileza formal. A bem dizer, aqui findo com minha introdução.