segunda-feira, dezembro 20, 2004

Filosofemas: Socio-temas

"Seus filosofemas me lembraram o raciocínio de alguns filósofos de que se uma bala fosse atirada contra eles, a bala teria sempre que seguir a metade da trajetória. Quando chegasse na metade, teria que seguir outra metade, e assim por diante. Ou seja, a bala nunca chegaria no filósofo, por causa de infinitas metades que teria que percorrer. Por precaução, esses filósofos nunca foram chegados à empiria de suas teorias." (Cesar)


Uma certeza existe: o formal se mostrou nos mais diversos campos da produção do saber o lugar próprio da produção das verdades mais irrefutáveis já formuladas pelo espírito humano. Verdades, é verdade, por definição desviculadas de qualquer realidade empírica. E quando falta o real concreto toda verdade pode ser de fato acusada de vázia e cínica. Afinal, quais são os reais limites entre a lógica formal e o que esta pode dizer do mundo real? Depois de Marx podemos ainda confundir a lógica das coisas com as coisas da lógica?

A ciência moderna, como sabemos, tentou burlar essa tensão maldita entre razão de pura abstração e razão empírica. Minha querida sociologia quer ser uma ciência humana e talvez seja mesmo a disciplina mais bem posicionada para equacionar um tal dilema. Por um lado, se simplificamos o assunto, podemos dizer que a sociologia no seu uso da estatística seja uma ciência visando um grau de formalização específico através de ferramentas matemáticas. Por um outro, se somos mais atentos, podemos encará-la como uma disciplina que reconhece no uso mesmo de tais ferramentas e na necessidade de tranferência da "liguagem estatística" à "liguagem natural" o interesse do "arbritio sociológico" que necessita abdicar do formalismo das informações para dar sentido histórico(Weberiano isso não?) ao que se quer dizer...(Esta é por sinal a sociologia que acredito possível, histórica e contingente).

Por que diabos digo isso?

Meus filosofemas podem fazer pensar a filosofias criadoras de falsos paradoxos, mas se revestem de uma certa consciência da matéria mais ou menos abstrata dos seus dizeres. Se muro e arvore são elementos imaginários para um filosofema amorfo, a verdadeira lição empírica se encontra na marreta. Todo curioso de plantão(e não à Platão) devia usar tal ferramenta para justamente parar de ficar se perguntando se atrás de um muro existe ou não um arbusto. Com ou sem dialética derrubar o muro é única solução científica(?) para um tal "problema". Mas problemas lógicos são como chifres, "são coisas que colocam na sua cabeça". E "chifres" é "numeros" em francês.

Claro, no caso de uma bala atirada o enigma da incongruência entre argumento formal e realidade pode trazer conseqüâncias mais sérias para os filósofos de Platão(digo, dos que crêem no realismo das idéias). Vacinado, acho que a razão e mesmo a lógica podem encontrar caminhos mais seguros de evitar uma morte prematura ou cinismo conscientemente concebido.

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Quem sou eu (no blogue)

Recife, Pernambuco, Brazil
Aqui farei meu diario quase intimo. Mentirei quando preciso. Escreverei em português e, mal ou bem, seguirei com certa coerência as ocilações do espirito, carater e gosto. Desprovido de inteligência precisa, justa será apenas o nome da medida que busca o razoavel no dito. Esperançoso. Jovem gasto, figura preguiçosa e de melancolia tropical sem substância. Porém, como já exprimido em primeiro adjetivo, qualificado e classificado na etiqueta quixotesca. Com Dulceneas e figuras estranhas o "oxymore" pode ser visto como ode a uma máxima de realismo outro do de Cervantes: "bien écrire le médiocre", dizia Flaubert. Mediocres serão meus dizeres. Bem ditos, duvido. Por isso convenho: os grandes nomes citados não devem causar efeito de legitimação. E previno: o estilo do autor das linhas prometidas é tosco, complicado e chato. O importante é misturar minha miséria com outras. Assim o bem dito será o nome de uma vontade de partilhar uma condição e não o da sutileza formal. A bem dizer, aqui findo com minha introdução.