Filosofemas: Socio-temas
"Seus filosofemas me lembraram o raciocínio de alguns filósofos de que se uma bala fosse atirada contra eles, a bala teria sempre que seguir a metade da trajetória. Quando chegasse na metade, teria que seguir outra metade, e assim por diante. Ou seja, a bala nunca chegaria no filósofo, por causa de infinitas metades que teria que percorrer. Por precaução, esses filósofos nunca foram chegados à empiria de suas teorias." (Cesar)
Uma certeza existe: o formal se mostrou nos mais diversos campos da produção do saber o lugar próprio da produção das verdades mais irrefutáveis já formuladas pelo espírito humano. Verdades, é verdade, por definição desviculadas de qualquer realidade empírica. E quando falta o real concreto toda verdade pode ser de fato acusada de vázia e cínica. Afinal, quais são os reais limites entre a lógica formal e o que esta pode dizer do mundo real? Depois de Marx podemos ainda confundir a lógica das coisas com as coisas da lógica?
A ciência moderna, como sabemos, tentou burlar essa tensão maldita entre razão de pura abstração e razão empírica. Minha querida sociologia quer ser uma ciência humana e talvez seja mesmo a disciplina mais bem posicionada para equacionar um tal dilema. Por um lado, se simplificamos o assunto, podemos dizer que a sociologia no seu uso da estatística seja uma ciência visando um grau de formalização específico através de ferramentas matemáticas. Por um outro, se somos mais atentos, podemos encará-la como uma disciplina que reconhece no uso mesmo de tais ferramentas e na necessidade de tranferência da "liguagem estatística" à "liguagem natural" o interesse do "arbritio sociológico" que necessita abdicar do formalismo das informações para dar sentido histórico(Weberiano isso não?) ao que se quer dizer...(Esta é por sinal a sociologia que acredito possível, histórica e contingente).
Por que diabos digo isso?
Meus filosofemas podem fazer pensar a filosofias criadoras de falsos paradoxos, mas se revestem de uma certa consciência da matéria mais ou menos abstrata dos seus dizeres. Se muro e arvore são elementos imaginários para um filosofema amorfo, a verdadeira lição empírica se encontra na marreta. Todo curioso de plantão(e não à Platão) devia usar tal ferramenta para justamente parar de ficar se perguntando se atrás de um muro existe ou não um arbusto. Com ou sem dialética derrubar o muro é única solução científica(?) para um tal "problema". Mas problemas lógicos são como chifres, "são coisas que colocam na sua cabeça". E "chifres" é "numeros" em francês.
Claro, no caso de uma bala atirada o enigma da incongruência entre argumento formal e realidade pode trazer conseqüâncias mais sérias para os filósofos de Platão(digo, dos que crêem no realismo das idéias). Vacinado, acho que a razão e mesmo a lógica podem encontrar caminhos mais seguros de evitar uma morte prematura ou cinismo conscientemente concebido.
segunda-feira, dezembro 20, 2004
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Quem sou eu (no blogue)
- Jampa
- Recife, Pernambuco, Brazil
- Aqui farei meu diario quase intimo. Mentirei quando preciso. Escreverei em português e, mal ou bem, seguirei com certa coerência as ocilações do espirito, carater e gosto. Desprovido de inteligência precisa, justa será apenas o nome da medida que busca o razoavel no dito. Esperançoso. Jovem gasto, figura preguiçosa e de melancolia tropical sem substância. Porém, como já exprimido em primeiro adjetivo, qualificado e classificado na etiqueta quixotesca. Com Dulceneas e figuras estranhas o "oxymore" pode ser visto como ode a uma máxima de realismo outro do de Cervantes: "bien écrire le médiocre", dizia Flaubert. Mediocres serão meus dizeres. Bem ditos, duvido. Por isso convenho: os grandes nomes citados não devem causar efeito de legitimação. E previno: o estilo do autor das linhas prometidas é tosco, complicado e chato. O importante é misturar minha miséria com outras. Assim o bem dito será o nome de uma vontade de partilhar uma condição e não o da sutileza formal. A bem dizer, aqui findo com minha introdução.
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