segunda-feira, fevereiro 14, 2005

Sobre minha opinião a respeito das ciências humanas (mais as sociais): o caso da sociologia


Vou partir da frase de Mariana como base de reflexão. Ela diz : "as ciências humanas sofrem pela falta de rigor metodológico, por estar mais imanada à subjetividade...perto daquilo que fica mais claro de ser comprovado racionalmente, de ser compartilhado por fórmulas mais universlizantes, as ciências duras ganham mais credibilidade que suas irmãs mais flexíveis."


Eu discordo em parte do dito. Mais pela formulação abstrata (dentro das ciências humanas se encontram disciplinas de natureza muito distintas) e pelo prejulgamento de credibilidade cientifica ganha com fómulas universalizantes e provas racionais (como se nas humanidades não houvesse esforço racional de explicação e ou compreensão dos fenômenos) do que pelo conteúdo do enunciado. Ou seja, eu acho que seja inegável o fato das ciências duras terem mais credibilidade do que as ciências moles, se credibilidade se limita e aceitamos que ela deve se limitar aos efeitos de "dureza" produzidos pela experimentação(no sentido dado por K.Popper). Porém, creio que ficar nesse nível do debate espistemológico, nível demasiadamente teórico, satisfaz pouco a sede de entender a respeito da questão de saber que tipo de conhecimento uma ciência humana pode produzir e tem produzido. Além disso, como já dito, as ciências humanas possuiem subclassificações como as de "ciências sociais ou da sociedade" e "ciências históricas", por exemplo. E cada uma dessas subdivisões agrega disciplinas tão próximas umas das outras pelo método e tipo de construção de objetos como é, por exemplo, no caso das ciências sociais, a sociologia da antropologia e da história, quanto distantes nos mesmos aspectos, come a economia é da sociologia e da antropologia. O ponto de inflexão do debate vem do fato significativo de que devemos, antes de prejulgar a falta de cientificidade e objetividade de qualquer ciência, permanecer no campo propiamente empirico e vislumbrar o tipo de conhecimento produzido por cada ciência.

O caso da sociologia


Vou me ater ao exemplo da sociologia. Ciência como as outras ou não? Se sim, em que sentido? Alguns amigos talvez achem estranha minha posição. Desde de início do curso de sociologia, ao bem da verdade, hoje sei, sem nenhuma condição de dizer em que consistia o trabalho de um sociólogo, julgava fundamental ter uma base filosófica sólida para dar suporte às questões de cunho sociológico.(Antes achava fundamental, hoje penso ser apenas importante). Mas o que ignorava na época era justamente a natureza das diferenças existentes entre tais disciplinas pelo simples fato de fazer amalgma delas numa idéia abstrata de trabalho intelectual: se tonar sociólogo é ler mais livros de sociologia, se tonar filósofo é ler mais livros de filosofia. Simples e eficaz para quem não é nem sociológo nem filosofo, mas se achava já um pouco os dois. Para mim, naquela época em pleno trabalho de aculturação com relação às praticas acadêmicas, a leitura era o ato que unia os universos distintos das especificidades disciplinares. E o que mudou? Nada de minhas impressões iniciais tornou-se totalmente falso. Claro que a leitura é uma prática comum a qualquer atividade intelectual, acho que dizer isso chega a ser tautológico. Porém, e podem discordar se for o caso, ler é uma prática que, no caso de disciplinas as quais se querem científicas(e empiricas), tem significado especifico (de instrumentalização, de utilização) podendo passar de pura análise de texto ( com tecnicas convensionais de compreensão) à leitura de dados estatíticos (que significa esforço de contrôle no que diz respeito a transposição de tipos de liguagem, etc).

Por que digo tudo isso e o que isso tem a ver como a questão do nível de dureza das ciências sociais?


O fato é que acho que as ciências sociais em geral são ciências em sentido especifico naquilo que produzem de conhecimento objetivo e rigoroso nos limites impostos pelo carater histórico das informações no qual tais disciplinas repousam e retiram significado. A sociologia só ganha em sentido e em especificidade naquilo que ela é propriamente histórica (no sentido de Weber), ou seja: quando ela adentra nas singularidades e particularidades, quando ela evoca o método comparativo como próprio a produção do entendimento sociológico.

E a sociologia, onde está com relação as ciências duras?

Ao meu entender a sociologia é uma ciência hibrida em sentido especifico. Ela não entra no espaço de probação popperiano( espaço no qual numa experimentação científica devemos satisfazer as condições ideais de prova: tudo deve se dar de maneira igual em qualquer contexto isolado de mesma maneira). Em sociologia não existe experimentação stricto senso.

Mas por que continuar chamando de ciência uma disciplina que não satisfaz tais critérios ditos de cientificidade?

De minha parte é uma questão de postura quase política. Existe o risco forte e presente nas ciências humanas do relaxamento, do desleixo, da selvageria interpretativa e hermeneutica, do tudo é válido em matéria de ciências humanas. A palavra ciência vem a lembrar a importância do rigor, da produção se não da prova, da argumentação bem fundamentada(empiricamente, metodológicamente, teóricamente).

Por hoje é isso.

Jampa




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Quem sou eu (no blogue)

Recife, Pernambuco, Brazil
Aqui farei meu diario quase intimo. Mentirei quando preciso. Escreverei em português e, mal ou bem, seguirei com certa coerência as ocilações do espirito, carater e gosto. Desprovido de inteligência precisa, justa será apenas o nome da medida que busca o razoavel no dito. Esperançoso. Jovem gasto, figura preguiçosa e de melancolia tropical sem substância. Porém, como já exprimido em primeiro adjetivo, qualificado e classificado na etiqueta quixotesca. Com Dulceneas e figuras estranhas o "oxymore" pode ser visto como ode a uma máxima de realismo outro do de Cervantes: "bien écrire le médiocre", dizia Flaubert. Mediocres serão meus dizeres. Bem ditos, duvido. Por isso convenho: os grandes nomes citados não devem causar efeito de legitimação. E previno: o estilo do autor das linhas prometidas é tosco, complicado e chato. O importante é misturar minha miséria com outras. Assim o bem dito será o nome de uma vontade de partilhar uma condição e não o da sutileza formal. A bem dizer, aqui findo com minha introdução.