quinta-feira, abril 07, 2005

Quando não temos nem nadegas a declarar


Com a morte do Papa comecei a refletir sobre a dureza das coisas e dos valores. "Um homem duro, mas flexivel", li em algum jornal. Comentário estranho mas cheio de sentido quando tentamos entender alguns fenômenos típicos de nosso tempo.

Vejamos.

Já li alguns textos sobre a importância dos discos rigidos(hard discs) na sociedade informatizada. A física desses seres(coisas) é engraçada. Neles se condensam informações das mais diversas. A dureza deles só não resiste ao risco dos dados, das informações codadas a serem decodadas por programas maleaveis(softs). Como descriptar as senhas secretas da resistência da matéria?

Não faltam artigos sobre a rigidez artificial das bundas brasileiras modeladas por ginástica e cirurgia. O que antes era mole e flácido transforma-se em algo(musculo? silicone?) rijo e seguro. Ploblema: qual o estatuto da natureza e da arte (de Deus, dos homens?) na dureza das matérias restauradas? Mulher bonita e boa e gostosa e tesusa e coisa e tal numa sociedade do mole endurecido é artefato ou símbolo hipostaseado da beleza a qualquer custo? Alguns ficam brigando para poder chamar essas coisas duras de engolir de pós-modernidade. Duro. Mas vejam, como quem olha para o divino, como é dificil de solucionar tais aporias: a natureza da beleza só é natural quando feita por Deus(ou simplesmente quando não feita por homens); a natureza da beleza artificial(podemos dizer artistica?) é produzida pelos homens; a beleza da natureza do natural é um truismo( o belo é bonito porque é natural, então o natural é bonito); a beleza do artificial enquanto natureza provém do fato pouco natural da fabriação do belo. Tudo isso é besteira. Tolerem, não podemos ser tão flexíveis.

Vamos fazer uma comparação.

O Papa é uma santidade, um representante de Deus na terra. Ivo Pitangui(não sei se o nome dele se escreve assim) é artista plástico e médico. Podemos inferir da visão de mundo deles uma relação inversamente proporcinal ao mundo: o primeiro sempre foi rigoroso nas questões relacionadas à moral cristã, mas deu passos enormes em direção ao ecumenismo flexionando a religião católica; o segundo rigoroso no enrigecimento das bundas e peitos, mas flexível na moral estética. Valores não são bundas, refutarão indignados os defensores da rigidez no contrôle das analogias. Mas observem. Observem.Ora bundas! Amém.

Bem. Devo reconhecer antes de dormir... Só escrevi hoje porque não tinha nadegas a declarar!

Abraço galera punk!

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Quem sou eu (no blogue)

Recife, Pernambuco, Brazil
Aqui farei meu diario quase intimo. Mentirei quando preciso. Escreverei em português e, mal ou bem, seguirei com certa coerência as ocilações do espirito, carater e gosto. Desprovido de inteligência precisa, justa será apenas o nome da medida que busca o razoavel no dito. Esperançoso. Jovem gasto, figura preguiçosa e de melancolia tropical sem substância. Porém, como já exprimido em primeiro adjetivo, qualificado e classificado na etiqueta quixotesca. Com Dulceneas e figuras estranhas o "oxymore" pode ser visto como ode a uma máxima de realismo outro do de Cervantes: "bien écrire le médiocre", dizia Flaubert. Mediocres serão meus dizeres. Bem ditos, duvido. Por isso convenho: os grandes nomes citados não devem causar efeito de legitimação. E previno: o estilo do autor das linhas prometidas é tosco, complicado e chato. O importante é misturar minha miséria com outras. Assim o bem dito será o nome de uma vontade de partilhar uma condição e não o da sutileza formal. A bem dizer, aqui findo com minha introdução.