quarta-feira, julho 20, 2005

Lula: ou a tentativa inútil de Jampa de ser sociólogo


Dizer que o povo mesmo quando chega ao poder é vítima de si mesmo pode parecer puro miserabilismo. Mas me arrogo à tetativa e ao descuidado e intento dizer que no caso de Lula (homem do povo e presidente da república) nada parece ser mais verdadeiro e sem ismo. Não falo da crise política (que por sinal ninguém parece (se) perguntar se é uma crise da política ou de política ou da falta de política ou da ausência de certas políticas para que no fim tudo pareça apenas um "é tudo política mesmo"), mas da forma com a qual tratamos de salvar em algum sentido o nosso presidente(se confio nas pesquisas de opinião sobre a credibilidade estável dos brasileiros em Lula) ou em criticá-lo. O nosso lider político carismático é vítima de suas ilusões voluntaristas de sindicalista, é vítima de sua ligação direta e não mediada com à retórica(que no seu caso não é um discurso que dá "impressão de improvisação", como num discurso acadêmico, mas é improvisação mesmo), é vítima mesmo das análises sempre "intencionadas" para bem e para mal dos "filósofos" brasileiros de primeira grandeza sempre aptos a dizer para os homens do povo "o bom caminho da razão" nas frases recapitulativas de tipo "eu não disse que ia ser assim" ou, em tom mais condizente com a auto-convicção desses dententores do saber "après-coup", " tá vendo, não quis me escutar quando criticava isso e aquilo outro". Não ignoro as resposabilidades, mas reconhecendo a arbitrariedade de certas lógicas escolho falar da igenuidade e da ignorância.
O povo é vítima do fato de ser povo poderia ser um bom chavão de contorno parcialmente análitico em termos sociológicos e Lula seria seu ideal tipo mais completo. Pois o povo vem sendo vítima do populismo e do miserabilismo do povo. Nada é mais social do que o indivíduo, diz-se em sociologias comtemporaneas. Lula, esse ser social imbuído de povo.
E, do outro lado mas de mesmo lado, esquerda e direita de uma "exterioridade" do poder, nós das opiniões "extra-ordinárias", opiniões do "não-povo", continuaremos em nossa parcialidade cínica de detendores da moral sagrada a criticar até o fim dessa crise a incarnação do mal nas "pessoas corrompidas pelo poder". Nós, vítimas do povo sem ser povo, nós intelectuais íntegros e de reconhecimento, não nos reconhecemos nesse governo de corruptos, dizem os sabichoões.
E Jampa que lê todas essas abobrinhas nos jornais todos os dias parece se apoquentar e, na posição que é a sua, àquela de estudante de sociologia com posição familiar e social privilegiada por causa da história recente de chegada ao poder do PT, não cosegue julgar com a devida distância, porque na sua posição qualquer tomada de posição parecerá indevida em termos de distanciamento, oferece apenas uma divagação sem conseqüencias ao tema de atualidade.

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Quem sou eu (no blogue)

Recife, Pernambuco, Brazil
Aqui farei meu diario quase intimo. Mentirei quando preciso. Escreverei em português e, mal ou bem, seguirei com certa coerência as ocilações do espirito, carater e gosto. Desprovido de inteligência precisa, justa será apenas o nome da medida que busca o razoavel no dito. Esperançoso. Jovem gasto, figura preguiçosa e de melancolia tropical sem substância. Porém, como já exprimido em primeiro adjetivo, qualificado e classificado na etiqueta quixotesca. Com Dulceneas e figuras estranhas o "oxymore" pode ser visto como ode a uma máxima de realismo outro do de Cervantes: "bien écrire le médiocre", dizia Flaubert. Mediocres serão meus dizeres. Bem ditos, duvido. Por isso convenho: os grandes nomes citados não devem causar efeito de legitimação. E previno: o estilo do autor das linhas prometidas é tosco, complicado e chato. O importante é misturar minha miséria com outras. Assim o bem dito será o nome de uma vontade de partilhar uma condição e não o da sutileza formal. A bem dizer, aqui findo com minha introdução.