segunda-feira, julho 04, 2005

"Mas a reflexividade - atividade apontada a você como desmistificadora - também não seria assunto de especialista! ?"

Sim, mas o verdadeiro pensador ironiza a reflexividade assim como o verdadeiro filósofo, como disse Pascal, ridiculariza a filosofia. Assim sendo, é preciso aceitar o desafio inscrito no illusion da escolastica, na pretensão escolastica de universilidade, que é na verdade, quantos já não o disseram?(Nietszche, Witggenstein,etc.), efeito da universalização efetuada pela razão, e, descreditando mesmo se ainda crendo na força dialética dessa razão, ou seja, intrumentalizando a razão escolastica contra si mesma, num racionalismo histórico radicalmente reflexivo, produzir uma compreensão mais real entre as diferenças do "mundo onde vivemos" e do "mundo onde pensamos o mundo". Porque talvez o maior erro da "raison raisonante" seja esse de fazer economia da reflexão sobre as condições socio-históricas da universalização efetuada pela razão mesma. Economia que produz uma auto-confiança desmesurada do homem nos valores emancipadores da verdade propiciados pelo esforço da razão escolastica (principios da Aufklarung em suma) .

Claro que o meu comentário do blogue foi uma crítica fácil que implica a aceitação comum(doxa esclarecida) da superioridade da razão crítica se comparada à opinião pura e simples do senso comum mais banal (doxa stricto senso). Ele visava traçar o intinerário da crítica que tem como obrigação de doxa esclarecida de blogueiro restituir a diferença de nível de reflexividade entre tipos de construção de opinião distintos (as duas doxas em questão) sobre a relidade(episteme) das coisas do mundo(no caso da doxa esclarecida, trantando de diferenciar as coisas do mundo do mundo das coisas).

Não discordo que a reflexividade seja coisa de especialista. Mas não o é (necessariamente) no sentido do absolutismo da especialidade que foge da reflexividade a qual ela(a especialidade) deve se submeter. Uma coisa é aceitar que o sociólogo, munido que está dos instrumentos de reflexão sobre a sociedade e, indo mais além, munido de ferramentas para pensar os instrumentos de sua própria reflexão sobre a mesma sociedade, tenha mais condição, enquanto especialista, de desenvolver um discurso mais condizente com a realidade social do que aqueles que "apenas vivem" o universo estudado. Outra coisa é fazer dessa distância entre tipos de doxa-, distância gerada, entre outras coisas, pelo "tempo escolastico", ou seja, pela temporalidade própria dessa "bricadeira levada a sério"(para falar como Platão) que é pensar-, uma fronteira intransponível entre universos dinâmicos que se confrontam. Teoria e prática também possuem continuidades, graças! Nenhuma teoria teorica pode existir fora de uma prática teorica dessa teoria. Tautologia que rende bons frutos e impede o risco da falsa modestia intelectual (que restando no discurso reflexivo deve reivindicar sua autoridade).
Abraços saudosos,
Jampa.

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Quem sou eu (no blogue)

Recife, Pernambuco, Brazil
Aqui farei meu diario quase intimo. Mentirei quando preciso. Escreverei em português e, mal ou bem, seguirei com certa coerência as ocilações do espirito, carater e gosto. Desprovido de inteligência precisa, justa será apenas o nome da medida que busca o razoavel no dito. Esperançoso. Jovem gasto, figura preguiçosa e de melancolia tropical sem substância. Porém, como já exprimido em primeiro adjetivo, qualificado e classificado na etiqueta quixotesca. Com Dulceneas e figuras estranhas o "oxymore" pode ser visto como ode a uma máxima de realismo outro do de Cervantes: "bien écrire le médiocre", dizia Flaubert. Mediocres serão meus dizeres. Bem ditos, duvido. Por isso convenho: os grandes nomes citados não devem causar efeito de legitimação. E previno: o estilo do autor das linhas prometidas é tosco, complicado e chato. O importante é misturar minha miséria com outras. Assim o bem dito será o nome de uma vontade de partilhar uma condição e não o da sutileza formal. A bem dizer, aqui findo com minha introdução.