sábado, outubro 28, 2006

Recado do Coração: de Jampa, da ur-6, para Drummond de Itabira...
O Amor Antigo
***
O amor antigo vive de si mesmo,
Não de cultivo alheio ou de presença,
Nada exige nem pede. Nada espera,
mas do destino vão nega a sentença.
***
O amor antigo tem raízes fundas,
feitas de sofrimento e de beleza.
Por aquelas mergulha no infinito,
e por estas suplanta a natureza.
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Se em toda parte o tempo desmorona
aquilo que foi grande e deslumbrante,
o antigo amor, porem, nunca fenece
e cada dia surge mais amante.
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Mais ardente, mas pobre de esperança.
Mais triste? Não. Ele venceu a dor,
e resplandece no seu canto obscuro,
tanto mais velho quanto mais amor.
***
(C. Drummond de Andrade, em Amar se Aprende Amando)
***
Drummond, caro Drummond. Porque és um otimista do entardecer desnudas a maturidade sem descuidar da noite. E ai, lendo teu verso, o jovem homem, meio descuidado, não tão vivido em vida, menos ainda em poesia, vislumbra o envelhecer do amor tentando ignorar a causalidade invertida pela posição de teus versos. Ou não seria a causa do amor antigo ter vencido a dor o fato dele mesmo, em tempo remoto, ter sido feito de sofrimento e beleza? Drummond, caro Drummond. Não busco respostas na tua poesia, mas que aqui fique bem dito: o amadurecer de um homem (não sei se o da mulher...) depende do acaso e continuo sofrimento dado pela experiência-amor (e tu dizes isso tão bem, “amar se aprende amando”). Amar é a solidificação do sofrer no tempo.
Obrigado Drummond,
Do eterno amante de sua poesia,
Jampa.

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Quem sou eu (no blogue)

Recife, Pernambuco, Brazil
Aqui farei meu diario quase intimo. Mentirei quando preciso. Escreverei em português e, mal ou bem, seguirei com certa coerência as ocilações do espirito, carater e gosto. Desprovido de inteligência precisa, justa será apenas o nome da medida que busca o razoavel no dito. Esperançoso. Jovem gasto, figura preguiçosa e de melancolia tropical sem substância. Porém, como já exprimido em primeiro adjetivo, qualificado e classificado na etiqueta quixotesca. Com Dulceneas e figuras estranhas o "oxymore" pode ser visto como ode a uma máxima de realismo outro do de Cervantes: "bien écrire le médiocre", dizia Flaubert. Mediocres serão meus dizeres. Bem ditos, duvido. Por isso convenho: os grandes nomes citados não devem causar efeito de legitimação. E previno: o estilo do autor das linhas prometidas é tosco, complicado e chato. O importante é misturar minha miséria com outras. Assim o bem dito será o nome de uma vontade de partilhar uma condição e não o da sutileza formal. A bem dizer, aqui findo com minha introdução.