sábado, julho 19, 2008

A lei do silêncio...

Dos blogue que eu tenho contato, o meu é o que trata menos de política. Não que eu não goste ou tenha desinteresse. Também não acho que seja covardia. Penso ter sido Antonio Candido que disse certa feita algo parecido com isso: o intelectual que não participa do processo político corre o risco de ser chamado de omisso, e o que participa, de coopitado. No meu caso, filho de político exercendo cargo no executivo, a dimensão dessa tensão pode ser multiplicada por cem. Principalmente se pensamos o Brasil como um país onde as fronteiras entre público e o privado continuam dando o que falar em sua promiscuidade sem fim.


Aos amigos sempre declarei minhas opiniões abertamente. Aqui no blogue, poucas vezes. Insisto, não é covardia. Inclusive, quando perguntado, disse o que pensava publicamente. O problema é que ser família de político implica em ser “familiar” aos interesses do político, o que afeta, necessariamente, principalmente em nosso contexto, as possíveis recepções de juizo para bem ou para mal, alterando em efeito de lupa a dimensão crítica que, se positiva não vale o que devido porque “está protegendo interesses da família”, se negativo vale mais do que o pensado porque “até mesmo alguém que tá dentro, ná intimidade, se mostra contra”. Nesse sentido é muito arriscado tomar posições do que é certo ou errado num embate político no espaço público brasileiro, porque havendo problemas de diferenciação entre as esferas, o cidadão vira filho e o filho, cidadão. Quem dá o tom político de uma opinião minha não é o discenimento de uma dada idéia de recusa ou aceitação, mas a maneira que se lê a política num dado contexto.Assim, opiniões de filhos, amigos, parentes, serão sempre frutos de conchavo (quando favoráveis) ou traição (quando não). Claro que não é necessáriamente assim. Não acredito que não se possa sair desse impasse. Mas por excesso de cautela, principalmente em época eleitorais, sabidas as armadilhas de contexto, hesitei bastante em ponderar sobre fatos e acontecementos da política, tanto no cenário local quanto Nacional.


Mas hoje me pergunto: como calar diante da operação abafa feita escandalosamente para proteção dos figurões sendo ameaçados no caso Daniel Dantas? Como não aceitar como minha uma carta aberta que expressa meu sentimento também quanto ao caso? Como não denunciar o mascaramento da bandidagem feito pela grande imprensa na cobertura da operação que poderia, ao menos é esse o sentimento que dá, redimir um pouquinho o Brasil da podridão de seu passado de cartas marcadas para um presente mais inseguro para os que queiram fazer falcatruas?


Dói na alma, profundamente, vê que o medo venceu a espernaça nesse país, mais uma vez...

Claro, a lei do silêncio continua pelas razões alegadas. Mas declarar o prejuízo na minha alma de brasileiro, porque não há rendas sem lei, ah, isso eu precisava.

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Quem sou eu (no blogue)

Recife, Pernambuco, Brazil
Aqui farei meu diario quase intimo. Mentirei quando preciso. Escreverei em português e, mal ou bem, seguirei com certa coerência as ocilações do espirito, carater e gosto. Desprovido de inteligência precisa, justa será apenas o nome da medida que busca o razoavel no dito. Esperançoso. Jovem gasto, figura preguiçosa e de melancolia tropical sem substância. Porém, como já exprimido em primeiro adjetivo, qualificado e classificado na etiqueta quixotesca. Com Dulceneas e figuras estranhas o "oxymore" pode ser visto como ode a uma máxima de realismo outro do de Cervantes: "bien écrire le médiocre", dizia Flaubert. Mediocres serão meus dizeres. Bem ditos, duvido. Por isso convenho: os grandes nomes citados não devem causar efeito de legitimação. E previno: o estilo do autor das linhas prometidas é tosco, complicado e chato. O importante é misturar minha miséria com outras. Assim o bem dito será o nome de uma vontade de partilhar uma condição e não o da sutileza formal. A bem dizer, aqui findo com minha introdução.