Tereza Noronha
Alguns dizem que nossos sonhos são expressões de nossos desejos mais profundos. Alguém como Freud, por exemplo, dedicou todo um projeto científico a interpretação de sonhos, achando que conhecendo as lógicas dos sonhos estaria tocando no mecanismo regulador de nosso inconsciente.
Pois bem. Sonhei várias vezes com Tereza Noronha, falecida faz alguns anos e pessoa por quem nutro profunda admiração. Em meu sonho ela revivia, voltava da morte alegando erro médico. O interessante é que algo de similar ao que venho estudando no romance realista acontecia durante meu sono: alguns acontecimentos davam contorno e detalhe ao acontecido garantindo a força de persuasão do sonho que, para o sonhador, durante o sono, pareciam a mais pura realidade.
Encontrava-me com ela que me recontava a sua morte e sua volta. Eu, cético, não conseguia acreditar nos meus olhos e ouvidos. Meu sonho insistira em sua própria veracidade. Tereza me explicava, com a paciência que sempre teve comigo, por razões cientificas, o que de fato havia acontecido. O médico não havia esperado o suficiente e a parada cardíaca teria sido apenas algo temporário. Então ela acordou, e como o corpo dela ainda não tinha sido enterrado, pôde voltar à vida e vir conviver novamente com os que tanto amava. Ainda cético, mas ao mesmo tempo já crente no meu sonho, encontrava Valéria, filha de Tereza, e, eufórico, não conseguia encontrar palavras para dizer o indizível. Não acredito em milagres, mas meu sonho o havia realizado e podia ver a alegria que tudo aquilo causava.
Uma outra amiga minha, Maíra, uma vez me disse que nunca dividiria um sonho dela num espaço público. O sonho revelaria intimidades profundas demais. Hoje, com a psicanálise, entendo melhor o que ela quer dizer com essa história de intimidade contida nos sonhos. Mas teimo trazendo alguns sonhos para cá, pois, se uns são íntimos, outros, os que expressam desejos profundos, precisam ser divulgados. E isso porque, por piegas que sejam o amor e a saudade, é quase sempre lindo o querer de volta alguém que gostamos e que já se foi...
Hugo e Camille
Recebi a visita de dois jovens (mais jovens do que eu) canadenses aqui em casa. Na verdade um casal de estudantes de Antropologia. Ele estuda o Rio de Janeiro, ela algum lugar que não entendi bem na Índia. Os dois moram em Montreal e são figuras muito simpáticas. Passamos boas noitadas a conversar sobre a violência no Brasil (que para ele era o grande defeito do país) e sobre nossas disciplinas de trabalho. Falaram das impressões deles do Rio, dos cariocas, das favelas, da maneira de ser do brasileiro. Ele chegou a dizer que gostaria de ter se encantado mais com o país, mas que a violência o impedia (ele foi agredido três vezes no Rio). Assim, comigo, que tive uma experiência internacional de morar fora durante um tempo, ele se abriu dizendo o quanto ele sentia falta da cidade dele, onde as pessoas podem ir e vir sem ter medo da noite e das outras pessoas.
Alguns dizem que nossos sonhos são expressões de nossos desejos mais profundos. Alguém como Freud, por exemplo, dedicou todo um projeto científico a interpretação de sonhos, achando que conhecendo as lógicas dos sonhos estaria tocando no mecanismo regulador de nosso inconsciente.
Pois bem. Sonhei várias vezes com Tereza Noronha, falecida faz alguns anos e pessoa por quem nutro profunda admiração. Em meu sonho ela revivia, voltava da morte alegando erro médico. O interessante é que algo de similar ao que venho estudando no romance realista acontecia durante meu sono: alguns acontecimentos davam contorno e detalhe ao acontecido garantindo a força de persuasão do sonho que, para o sonhador, durante o sono, pareciam a mais pura realidade.
Encontrava-me com ela que me recontava a sua morte e sua volta. Eu, cético, não conseguia acreditar nos meus olhos e ouvidos. Meu sonho insistira em sua própria veracidade. Tereza me explicava, com a paciência que sempre teve comigo, por razões cientificas, o que de fato havia acontecido. O médico não havia esperado o suficiente e a parada cardíaca teria sido apenas algo temporário. Então ela acordou, e como o corpo dela ainda não tinha sido enterrado, pôde voltar à vida e vir conviver novamente com os que tanto amava. Ainda cético, mas ao mesmo tempo já crente no meu sonho, encontrava Valéria, filha de Tereza, e, eufórico, não conseguia encontrar palavras para dizer o indizível. Não acredito em milagres, mas meu sonho o havia realizado e podia ver a alegria que tudo aquilo causava.
Uma outra amiga minha, Maíra, uma vez me disse que nunca dividiria um sonho dela num espaço público. O sonho revelaria intimidades profundas demais. Hoje, com a psicanálise, entendo melhor o que ela quer dizer com essa história de intimidade contida nos sonhos. Mas teimo trazendo alguns sonhos para cá, pois, se uns são íntimos, outros, os que expressam desejos profundos, precisam ser divulgados. E isso porque, por piegas que sejam o amor e a saudade, é quase sempre lindo o querer de volta alguém que gostamos e que já se foi...
Hugo e Camille
Recebi a visita de dois jovens (mais jovens do que eu) canadenses aqui em casa. Na verdade um casal de estudantes de Antropologia. Ele estuda o Rio de Janeiro, ela algum lugar que não entendi bem na Índia. Os dois moram em Montreal e são figuras muito simpáticas. Passamos boas noitadas a conversar sobre a violência no Brasil (que para ele era o grande defeito do país) e sobre nossas disciplinas de trabalho. Falaram das impressões deles do Rio, dos cariocas, das favelas, da maneira de ser do brasileiro. Ele chegou a dizer que gostaria de ter se encantado mais com o país, mas que a violência o impedia (ele foi agredido três vezes no Rio). Assim, comigo, que tive uma experiência internacional de morar fora durante um tempo, ele se abriu dizendo o quanto ele sentia falta da cidade dele, onde as pessoas podem ir e vir sem ter medo da noite e das outras pessoas.
Bem, é assim o meu Brasil nas grandes cidades. Dói e nos sentimos presos. Em todo caso a estadia deles aqui deu uma pitada de vida toda especial a minha semana de rotinas burocráticas. Obrigado Hugo e Camille e voltem sempre!
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