sexta-feira, junho 05, 2009

A grande imprensa brasileira e o acidente do AF447

Deixo aqui apenas mais um ponto que comprova a histeria dos portais de "informação". Não sei se é necessário existir lição de jornalismo nesses casos onde uma tragédia imensa deixa a todos sem muito norte. No calor das emoções até quem informa melhor fica ansioso quando informações que gostaríamos que fossem verdade aparecem. Mas de fato existe uma afobação muito grande em torno do ocorrido, o que já trouxe algumas declarações erradas porque pautadas em especulações precoces. Em texto de hoje do Le monde o secretário dos transportes Dominique Bussereau é citado em seu pedido de (traduzo): "[...] mais prudência sobre os dados da enquete" e é indicado quando diz "que a prioridade das buscas seja das caixas-pretas". Em tom de simpatia indica o mesmo secretário ainda sinaliza: " não é o caso de incriminar os brasileiros, que são 'irmãos' na dor." O que me deu a impressão de impaciência com a precipitação das autoridades responsáveis brasileiras que, ao contrário das francesas, não se preocupam muito em dizer e depois terem que desdizer as coisas logo em seguida:


"Dans la matinée de jeudi, le général Ramon Cardoso, directeur du département de contrôle de l'espace aérien brésilien, avait annoncé que la marine avait récupéré une première pièce provenant de la soute à bagages de l'Airbus. Mais quelques heures plus tard, il a dû faire machine arrière : "Jusqu'à présent, aucune pièce de l'avion [d'Air France] n'a été récupérée", a-t-il dit à la presse. Il a expliqué que la pièce remontée par un hélicoptère était "en bois" et qu'il "n'existait pas de pièces en bois sur cet avion" (l'Airbus, NDLR). Le général Cardoso a aussi affirmé que l'huile découverte à la surface de la mer était celle "d'un navire, pas d'un avion" car il s'agissait d'huile et pas de kérosène."


Tradução: " Na manhã de quinta-feira, o general Ramon Cardoso, diretor do departamento de controle do espaço aério brasileiro, anunciou que a marinha havia recuperado uma primeira peça oriunda do porta-bagagens do Airbus. Mas algumas horas mais tarde, ele teve que retroceder no que disse: ' Até o presente momento, nehuma peça do avião [da Air France] foi recuperada', ele disse a imprensa. Ele explicou que a peça alçada por um helicoptero era "de madeira" e que ' não existia peças de madeira nesse avião' ( o Airbus, NDLR). O general Cardoso afimou também que o oleo descoberto na superficie do mar era 'de um navio, não de um avião', porque se tratava de oleo e não de querosene."

O interessante é que, antes mesmo desse anúncio, eu já havia ouvido das autoridades francesas que se deveria evitar qualquer tipo de precipitação nesse sentido, visto que na possível área do desaparecimento existe muito destroços desconhecidos de naufrágios de návios ilegais entre outras possibilidades.


Eu assisti os jornais franceses pela TV5 e sou testemunha da chamada que a imprensa e autoridades vem fazendo por lá pela prudência com as informações e especulações feitas a respeito do acidente. Acho que já seria hora de se pedir o mesmo por aqui, das autoridades e da imprensa também.

2 comentários:

Anônimo disse...

O programa do Datena então...pelo amor de Deus... literalmente fala cada bobajada para tentar aumentar a audiencia.. hora fala que encontrar destroços..hora volta atrás... Sem contar o cara do rádio amador na histeria de dar a noticia em primeira máo...

(Hammer)

Bernardo Jurema disse...

esse contraste que vc faz entre a cobertura da imprensa brasileira e a da francesa me fez pensar no caso (já esquecido hoje) da recifense que simulou um ataque na Suíça. Parece que a nossa imprensa aprende muito pouco com os seus próprios erros...

Quem sou eu (no blogue)

Recife, Pernambuco, Brazil
Aqui farei meu diario quase intimo. Mentirei quando preciso. Escreverei em português e, mal ou bem, seguirei com certa coerência as ocilações do espirito, carater e gosto. Desprovido de inteligência precisa, justa será apenas o nome da medida que busca o razoavel no dito. Esperançoso. Jovem gasto, figura preguiçosa e de melancolia tropical sem substância. Porém, como já exprimido em primeiro adjetivo, qualificado e classificado na etiqueta quixotesca. Com Dulceneas e figuras estranhas o "oxymore" pode ser visto como ode a uma máxima de realismo outro do de Cervantes: "bien écrire le médiocre", dizia Flaubert. Mediocres serão meus dizeres. Bem ditos, duvido. Por isso convenho: os grandes nomes citados não devem causar efeito de legitimação. E previno: o estilo do autor das linhas prometidas é tosco, complicado e chato. O importante é misturar minha miséria com outras. Assim o bem dito será o nome de uma vontade de partilhar uma condição e não o da sutileza formal. A bem dizer, aqui findo com minha introdução.