terça-feira, junho 16, 2009

... é minha qualificação... um ato "blogueiro petrobras"?

A grande dificuldade de lidar com uma "qualificação" é passar por ela sem entender o seu real siginificado e relevância. Então, não tendo me feito as perguntas nos moldes que me foram feitas, como num questionário sociológico mal construído, tenho que responder questões que não me fiz , e achar que elas são relevantes para meu trabalho, mesmo achando que, da maneira que elas são postas, elas não dizem nada a respeito das fraquezas e possíveis riquezas do meu trabalho...

Aqui vai primeiro quesito com sua resposta:

Justifique suas escolhas teóricas diante das
alternativas possíveis mais relevantes ao seu objeto,
problemas de estudo e objetivos a serem alcançados




Para justificar minhas escolhas teóricas diante das alternativas possíveis
relevantes ao meu objeto, reconstruo de maneira resumida as questões e problemas
sociológicos que acredito estarem ligados aos documentos que analiso. Explico e
justifico porque o meu referencial teórico se encontra difuso no corpo da tese (e não
explicitado em um capítulo autônomo) e identifico a base espistemológica que dá
coerência aos diferentes autores e abordagens que me servem de surporte para dar conta
dos problemas propostos.

Em meu trabalho, parti do princípio que para estabelecer um bom equilíbrio na
argumentação sociológica, eu não poderia fazer minhas escolhas teóricas de maneira
apartada da construção do objeto e problemática de pesquisa. Acredito que o
estabelecimento prévio de um referencial teórico me faria tomar com demasiada
facilidade a teoria como uma pré-explicação do fenômeno estudado.

Evitei me fazer questões do tipo “ a teoria dos campos de Bourdieu poderia me
ajudar a dar conta do objeto literatura no Brasil?”, e partir de tal questão para justificar
uma suposta superioridade teórica da teoria dos campos para integrar tipos de análises
divergentes.

Preferi instrumentalizar boa parte do potencial heurístico contido na
sociologia da socialização e diferenciação social do sociólogo francês, sem pretender
com isso que meu trabalho devesse supor a existência prévia de um campo literário no
Brasil. Ao invés disso, problematizo mais diretamente a realidade social estudada, a
partir da análise documental informada sociologicamente por elementos genéricos da
teoria social como os contidos nesse pilar da sociologia que é a idéia de diferenciação
social. Grande parte de minha verve curiosa está contida na expectativa mesma de
entender melhor como o mundo social funciona em contextos específicos, função que
atribuo à sociologia.

A teoria nesta tese é entendida estando mais próxima de sua origem grega, onde
o verbo theorein queria dizer “olhar para”, “contemplar” (Castro Rocha, 2004, p. 156),
coisa que se perde depois, mas que faz notar desde sua gênese a teoria necessitando
desse contato impuro com a realidade. Acreditando que dessa “relação impura” saiu o
que de melhor a teoria sociológica produziu, uso desse “espaço lógico próprio à
sociologia” para fugir da rigidez formalista que engessaria o trabalho numa falsa
dicotomia do tipo “referencial teórico x pesquisa empirica”. Como tão bem descreveu
Jean-Claude Passeron, a sociologia se efetua num espaço assertórico híbrido onde o
raciocínio sociológico é na prática um tipo de conhecimento muito distante da idéia de
“ciência experimental dos fatos sociais” como a sonhada por Durkheim (Passeron,
2006). A tese não resume sua démarche a um referencial teórico adotado simplesmente
contrapondo-o a outros. O que ela faz é atrelar o objeto às perspectivas sociológicas que
são teórica e epistemologicamente coerentes entre si, confrontando as últimas com a
realidade social, mesmo que isso seja feito em função de problemas ordenados por
questões teóricas oriundas da sociologia clássica (sobretudo Durkheim, Weber e Marx)
e contemporanea (Bourdieu, Passeron e Miceli, por exemplo).

A consequência disso na estruturação do trabalho é que organizei sempre as
partes da tese dividindo-as em capítulos que buscam sempre sair da análise mais
concreta para as teorizações e interpretações de veio sociológico. Acontecendo o mesmo
entre as próprias partes, sendo a última, por exemplo, um esforço de formalização das
análises empíricas e teóricas das duas primeiras (Cf. Sumário).

O referencial teórico usado para dar conta do objeto de estudo e problema
sociológico propostos nesta tese, foi construído em função de critérios epistemológicos
de historicidade e rentabilidade empírica das teorias a disposição da pesquisa. Autores
que fudamentaram teoricamente a sociologia dos intelectuais e das obras dentro de uma
perspectiva histórica de análise relacional e diferencial das disciplinas intelectuais
(Bourdieu, 1998 ; Chamboredon, 1986 ; Lahire, 2004, 2006 ; Lepenies, 1990 ; Moretti,
2008 ; Ramos, 1989) são utilizados de maneira difusa e diversa no corpo da tese,
sempre com precaução de mediar as apropriações feitas também pela leitura crítica dos
esforços interpretativos locais (Candido, 2000a, 2000b ; Guimarães, 2004 ; Lima, 2007 ;
Miceli, 1995, 2001a, 2001b ; Rocha, 1998, 2004 ; Waizbort, 2007) auxiliados pela
instrumentalização da leitura da crítica e história literária sociologicamente informadas
(Bueno, 2006 ; Candido, 1992, 2000a, 2000b ; Dubois, 2000 ; Schwarz, 1992, 2000).

A coerência interna dessas abordagens se encontra na tese na medida em que estão
sendo operadas para descrever, interpretar e objetivar fenômenos em contraposição às
análises formalistas (transhistoricas e/ou ahistóricas) como as presentes sistematicamente nas perspectivas de cunho eminentemente fenomenológico na sociologia da arte (Cf. Dubet , 1994 ; Boltanski, 1990 ; Heinich, 1994,1998, 1999, 2000, 2005) ou de maneira parcial no procedimento da crítica literária mesmo a mais sociolologicamente informada (Candido, 2000a, 2000b ; Lima 2007).

(Continua...)

Um comentário:

Anônimo disse...

Hi,

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Quem sou eu (no blogue)

Recife, Pernambuco, Brazil
Aqui farei meu diario quase intimo. Mentirei quando preciso. Escreverei em português e, mal ou bem, seguirei com certa coerência as ocilações do espirito, carater e gosto. Desprovido de inteligência precisa, justa será apenas o nome da medida que busca o razoavel no dito. Esperançoso. Jovem gasto, figura preguiçosa e de melancolia tropical sem substância. Porém, como já exprimido em primeiro adjetivo, qualificado e classificado na etiqueta quixotesca. Com Dulceneas e figuras estranhas o "oxymore" pode ser visto como ode a uma máxima de realismo outro do de Cervantes: "bien écrire le médiocre", dizia Flaubert. Mediocres serão meus dizeres. Bem ditos, duvido. Por isso convenho: os grandes nomes citados não devem causar efeito de legitimação. E previno: o estilo do autor das linhas prometidas é tosco, complicado e chato. O importante é misturar minha miséria com outras. Assim o bem dito será o nome de uma vontade de partilhar uma condição e não o da sutileza formal. A bem dizer, aqui findo com minha introdução.