quinta-feira, outubro 29, 2009

Caxambu em fragmentos 3

Ontém os trabalhos foram todos de pensamento social brasileiro.Comparação entre Alberto Torres e Rui Barbosa, análise sobre o conceito de mudança social no pensamento de Maria Isaura Pereira de Quiroz, comparação entre Florestan Fernandes e Guerreiro Ramos.

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Primeiro comentário do debatedor Sergio Miceli: eu não gostei dos trabalhos. Então não vou comentá-los individualmente porque vocês são jovens e eu não quero desencorajá-los. Eu vou apenas dizer o que é que falta no trabalho de todos vocês...

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Existia um clima tenso na sala. Os rostos dos apresentadores estavam sem expressão. Ouviam Miceli dissecar sobre a irrelevância de se comentar os comentaristas já tão comentados. De se fazer isso sem levar em conta a fortuna crítica daquele autor. De aceitar a relevância do autor como dada, sem probelmatizá-la. Cadê a justificativa? Dava para se ouvir os suspiros por conta do silêncio sepulcral que se dera como reflexo das palavras do debatedor. O que faltava naqueles trabalhos?

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E o Miceli usava todo o arsenal bélico e fino da sociologia da cultura para reduzir ao quase nada todos os elementos ainda resistentes de uma história das idéias, segundo ele, extremamente mal feita.

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Não houve resposta em mesmo nível. O que é uma pena. Eu gostaria de ter visto um posicionamento contrário, do Leopoldo W., por exemplo, que apresentara um trabalho engenhoso sobre Villa Lobos no dia anterior e que não recorria sistematicamente aos pressupostos da sociologia da cultura e dos intelectuais. Mais próximo da crítica literária, partindo inclusive de uma reflexão do Antonio Candido do Formação da Literatura Brasileira, ele discorre justamente sobre um ponto de inflexão formal na obra de Villa Lobos que fugiria, naquele ponto, a determinantes externas de cunho social.


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Mas não houve refute individual, só recalque coletivo. Quiseram ler as críticas do Miceli como críticas de ordem metodológicas. Ora, se bem entendo os argumentos ali colocados, e se os levo às suas últimas consequências (que é a própria reflexividade), seria preciso encontrar o argumento institucional não mais apenas na história feita dos intelectuais estudados, mas na história sendo feita daqueles jovens que não escreveram aqueles trabalhos num vázio institucional. A pergunta é: quem são os orientadores daqueles trabalhos, quais são os critérios analíticos oriundos das ementas de aula das instituições que os formaram, identificadores reais das normas as quais guiaram seus esforços reais de interpretação daquelas obras? Sem essa pergunta só tiramos o curativo da ferida e a deixamos descoberta.


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Os trabalhos eram bons? Todos ficaram de acordo com Miceli: não. Sobrou como sempre para o lado mais fraco: o dos pesquisadores entrantes que se caracterizam pela fragilidade na relação de poder estabelecida com os representantes ilustres do pensamento social brasileiro.

2 comentários:

slavo disse...

so faltou dizer que seu trabalho "arrasou"... Sucesso entre a nata Uspiana.. Miceli e CIA deram thumb up!! Parabens pelo reconhecimento companheiro!

Luiz Pinto disse...

Pois é. Falta um comentário sobre o seu trabalho. Como foi? que perguntas suscitou? Com quem debateste?

Quem sou eu (no blogue)

Recife, Pernambuco, Brazil
Aqui farei meu diario quase intimo. Mentirei quando preciso. Escreverei em português e, mal ou bem, seguirei com certa coerência as ocilações do espirito, carater e gosto. Desprovido de inteligência precisa, justa será apenas o nome da medida que busca o razoavel no dito. Esperançoso. Jovem gasto, figura preguiçosa e de melancolia tropical sem substância. Porém, como já exprimido em primeiro adjetivo, qualificado e classificado na etiqueta quixotesca. Com Dulceneas e figuras estranhas o "oxymore" pode ser visto como ode a uma máxima de realismo outro do de Cervantes: "bien écrire le médiocre", dizia Flaubert. Mediocres serão meus dizeres. Bem ditos, duvido. Por isso convenho: os grandes nomes citados não devem causar efeito de legitimação. E previno: o estilo do autor das linhas prometidas é tosco, complicado e chato. O importante é misturar minha miséria com outras. Assim o bem dito será o nome de uma vontade de partilhar uma condição e não o da sutileza formal. A bem dizer, aqui findo com minha introdução.