quinta-feira, março 11, 2004

Uma voz filosofica do PT

Fiquei impressionado com um texto da Marilena Chaui no qual ela defende a famosa reforma politica. Uma defesa de Dirceu, sem duvida. Uma defesa legitima. Mas o que me intriga é o fato desse tipo de analise vir a tona apenas no governo do PT. Outra coisa, até Spinoza é usado para salvar o bicho homem de seus males inerentes, como se os atos dos governantes nao tivessem nenhuma imbricaçao ética necessaria... (Nao num governo de virtuosos como é o do PT). Em prol da reforma política ela encontra uma pérola de Spinoza: "por natureza, e não por vício, os seres humanos são movidos por paixões, impelidos por inveja, orgulho, cobiça, vingança, maledicência, cada qual querendo que os demais vivam como ele próprio. Mas também são impelidos por paixões de generosidade e misericórdia, amizade e piedade, solidariedade e respeito mútuo. Pretender, portanto, que na política se desfaçam das paixões e ajam seguindo apenas os preceitos da razão `é comprazer-se na ficção'." E conclue: " Por conseguinte um Estado cujo bem-estar, segurança e prosperidade dependam da racionalidade e das virtudes pessoais de alguns dirigentes é "um Estado fadado à ruína". Conclusao de Marilena: "Virtudes e vícios do Estado não são virtudes e vícios privados dos dirigentes e cidadãos, mas virtudes públicas, isto é, a qualidade das instituições, ou vícios públicos, isto é, deficiências institucionais. Assim, a crítica moralizante à corrupção cede lugar à crítica cívica das instituições, ou seja, à moralidade pública.
Quando falamos em reforma política, é disso que estamos falando."

Assim salvamos Dirceu de seu suposto desvio de conduta moral, afinal: todos somos viciosos. Viva Spinoza. A culpa é do "governo", não dos governantes. Sempre defendi Marilena dos ataques meio ridiculos de certos inimigos de sua filosofia... Hoje encaro com certa melancolia a época que lia seu manual: Convite à filosofia. Triste, não acham? Não posso negar: sinto falta do PT oposição. Sou um saudosista... Ah minha infância!!!

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Quem sou eu (no blogue)

Recife, Pernambuco, Brazil
Aqui farei meu diario quase intimo. Mentirei quando preciso. Escreverei em português e, mal ou bem, seguirei com certa coerência as ocilações do espirito, carater e gosto. Desprovido de inteligência precisa, justa será apenas o nome da medida que busca o razoavel no dito. Esperançoso. Jovem gasto, figura preguiçosa e de melancolia tropical sem substância. Porém, como já exprimido em primeiro adjetivo, qualificado e classificado na etiqueta quixotesca. Com Dulceneas e figuras estranhas o "oxymore" pode ser visto como ode a uma máxima de realismo outro do de Cervantes: "bien écrire le médiocre", dizia Flaubert. Mediocres serão meus dizeres. Bem ditos, duvido. Por isso convenho: os grandes nomes citados não devem causar efeito de legitimação. E previno: o estilo do autor das linhas prometidas é tosco, complicado e chato. O importante é misturar minha miséria com outras. Assim o bem dito será o nome de uma vontade de partilhar uma condição e não o da sutileza formal. A bem dizer, aqui findo com minha introdução.