terça-feira, abril 06, 2004

Les Choristes


Acabo de chegar do cinema. Vi muita beleza. Fazia tempo que procurava ternura na sétima arte em vão. Quanta vida recontada, e com qual graça e lirismo! Chorei porque fazia tempo que não via tantos sentimentos bons sem sentimentalismo. Saudade.

O filme reconta a historia de Clémont Mathieu, um educador. Um professor de musica fracassado, desempregado e aceito como "auxiliar de professor" num internato no periodo do pos-guerra. Logo na chegada Mathieu encontra um ambiente pedagogico repressivo. Não vou alongar em detalhes... Revelo logo, o bonito do filme é o seguinte: ele vai aos poucos, através do canto, mudando a forma de encarar as crianças dificeis la internadas. Mas mudando mesmo. Antes da chegada dele, os garotos eram violentos em e por principio aos olhos do diretor do estabelecimento, e aos do expectador também um pouco. Diante do olhar sereno do recem chegado, a meninada ganhava um outro sentido. Ela dava um sentido. E tudo isso mediado por um canto cheio ternura... Se eu pudesse escrever o canto, se pudesse cantar aqui, reproduzir a beleza, o som. Ah palavras inuteis!
Acho que fiquei apaixonado pelo personagem. Tudo nele me pareceu encantador. Talvez esse encanto, pondero, tenha sido fruto dessa estranha utopia dele a qual sinto-me atachado, a da educação. As vezes sinto vontade de me deixar levar por esse sonho de ensinar o fundamental, o basico e largar todo o resto. Ir ao contato do mundo em seu estado bruto, não se deixar levar pela dureza dos encontros. Educar. Verbo misterioso, sem sentido. Falar do prazer de aprender e apreender as coisas. Das dores e agonias geradas por isso. Voltar e dizer sobre a realidade da caverna produzida pelo efeito da luz. Luminosidade que machuca os olhos. Coisa da filosofia, dessa vontade de entender... Serah que isso se ensina? Tavez não.
Eita. Vi que foi empolgação demais por hoje. Terminei sem comentar o filme direito. Mas espero que vocês possam assisti-lo. Vale a pena. Boa noite!

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Quem sou eu (no blogue)

Recife, Pernambuco, Brazil
Aqui farei meu diario quase intimo. Mentirei quando preciso. Escreverei em português e, mal ou bem, seguirei com certa coerência as ocilações do espirito, carater e gosto. Desprovido de inteligência precisa, justa será apenas o nome da medida que busca o razoavel no dito. Esperançoso. Jovem gasto, figura preguiçosa e de melancolia tropical sem substância. Porém, como já exprimido em primeiro adjetivo, qualificado e classificado na etiqueta quixotesca. Com Dulceneas e figuras estranhas o "oxymore" pode ser visto como ode a uma máxima de realismo outro do de Cervantes: "bien écrire le médiocre", dizia Flaubert. Mediocres serão meus dizeres. Bem ditos, duvido. Por isso convenho: os grandes nomes citados não devem causar efeito de legitimação. E previno: o estilo do autor das linhas prometidas é tosco, complicado e chato. O importante é misturar minha miséria com outras. Assim o bem dito será o nome de uma vontade de partilhar uma condição e não o da sutileza formal. A bem dizer, aqui findo com minha introdução.