Adoro uma polêmica blogueira. Vamos a mais uma, e das boas. Tentando fugir um pouco do meu último texto, que mencionou minha preocupação com o tipo de leitura que poderia ser feita do Pedagogia da punheta, eu concebo uma pequena reflexão sobre o machismo presente numa enquete sobre as musas das Olimpíadas de Pequim.
A polêmica se encontra principalmente nos comentários e vai ser justamente a partir deles que irei discorrer algo a respeito. Primeiro gostaria de me solidarizar com as opiniões da “ala feminista”. E aqui não falo de feminismo como o engraçadinho Ariston(comentários) que assim se referiu às mulheres que repudiaram com razão o texto e as fotos escolhidas para ironizar o propósito de seus argumentos. Para mim, heterossexual do sexo masculino, também é triste perceber que a misoginia (que não é a meu ver o pior de nossos males machistas, acho que a homofobia é bem mais horrenda e aceita) possa passar tão facilmente como algo natural e comum e, para fins hipocritamente cômicos, se passar por mera “brincadeira de mau gosto”. Porém, no seu ridículo, o tal do Ariston coloca algo interessante e que deve ser pensado: “As PESSOAS de um modo geral (intelectualizadas ou não) têm seus gostos.” Uma tautologia barata, sem dúvida, mas que tem uma lógica social a ser pensada no que se diz sobre o machismo e a misoginia. Afinal de contas, quem tem direito de ser machista numa sociedade machista? O problema levantado por Cynthia Hamilin não é propriamente da misoginia pura e simples, mas da posição institucional da mesma, o que é bem pior. Vejamos o que ela questiona: “É lamentável que um blog escrito por professores universitários reproduza este tipo de misoginia. As mulheres se saíram bem nas olimpíadas, “mas isso não importa” (que frase infeliz!): o que importa é que elas são “gostosas”. Já pararam para pensar que talvez essas mulheres prefiram ser reconhecidas como atletas que são?” A questão colocada por Hamilin é bem mais a de saber quem fala o que e o que está representado naquela fala, do que uma mera crítica a idiotice de um machista qualquer.
É claro que Pierre Lucena, cidadão sorridente e bem vestido, tem todo o direito de expressar suas opiniões sobre as qualidades que ele mais aprecia numa mulher (e não é preciso ir muito longe para entender que tipo de “visão de mulher” ele tem). Mas o problema é que Pierre Lucena fala enquanto professor da UFPE, que, se fosse instituição de respeito, pediria satisfação a respeito de opiniões expressadas publicamente tão desprovidas de valor\rigor\seriedade acadêmica, fato que coloca em jogo e em questão a própria instituição.
Volto à tautologia “as pessoas de um modo geral têm seus gostos” e ao importante adendo “intelectualizadas ou não”. Eu concordo plenamente com o argumento de Cynthia Hamilin ao mesmo tempo que reflito sobre o significado que a ruptura que ele pressupõe revela: o machismo estrutural que se desvela de maneira violenta nas maneiras de apreciar (a palavra mais apropriada seria depreciar) as mulheres exposta na enquête revela ao mesmo tempo a fragilidade da assimilação dos valores da mulher como ser humano pleno (pautados no feminismo ou além dele) no tecido social e o pouco respaldo que o debate contra a misoginia alcançou na estrutura de poder das relações universitárias. Nesse sentido, quero crer, o caso não é de feminismo pura e simplesmente, mas algo mais sério, no mínimo de denúncia de falta de decorro profissional onde alguém, em certo sentido, usando do status atribuído por uma instituição (Professor da UFPE), diz coisas não sensatas (adoro eufemismos) a respeito de seu modo de depreciar mulheres.
É claro que Pierre Lucena, cidadão sorridente e bem vestido, tem todo o direito de expressar suas opiniões sobre as qualidades que ele mais aprecia numa mulher (e não é preciso ir muito longe para entender que tipo de “visão de mulher” ele tem). Mas o problema é que Pierre Lucena fala enquanto professor da UFPE, que, se fosse instituição de respeito, pediria satisfação a respeito de opiniões expressadas publicamente tão desprovidas de valor\rigor\seriedade acadêmica, fato que coloca em jogo e em questão a própria instituição.
Volto à tautologia “as pessoas de um modo geral têm seus gostos” e ao importante adendo “intelectualizadas ou não”. Eu concordo plenamente com o argumento de Cynthia Hamilin ao mesmo tempo que reflito sobre o significado que a ruptura que ele pressupõe revela: o machismo estrutural que se desvela de maneira violenta nas maneiras de apreciar (a palavra mais apropriada seria depreciar) as mulheres exposta na enquête revela ao mesmo tempo a fragilidade da assimilação dos valores da mulher como ser humano pleno (pautados no feminismo ou além dele) no tecido social e o pouco respaldo que o debate contra a misoginia alcançou na estrutura de poder das relações universitárias. Nesse sentido, quero crer, o caso não é de feminismo pura e simplesmente, mas algo mais sério, no mínimo de denúncia de falta de decorro profissional onde alguém, em certo sentido, usando do status atribuído por uma instituição (Professor da UFPE), diz coisas não sensatas (adoro eufemismos) a respeito de seu modo de depreciar mulheres.
4 comentários:
Fiz um comentario la no Dialogos Dissonantes.
comentei lá também.
cabra, olha o que achei:
http://www.youtube.com/watch?v=k7-GqrBwEak
De fato estão questão do discurso com falta de rigor técnico é constante em toda e qualquer instituição cientifica...ainda que de fato seja ridícula e indevida..infelizmente as piadinha sobre futebol, mulher, sogra são constantes...
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