terça-feira, agosto 05, 2008

Questões sobre a pedagogia do oprimido: da dor de crianças

Minha filha tem hoje dois anos e nove meses e está aprendendo a falar com desenvoltura. Quando diz algo errado, corrijo. A mãe fala com ela em francês. E o mesmo ocorre quando a pixota fala algo errado: ela é corrigida pela mãe, que é professora de inglês e francês.

Avalio que ainda enquanto criança ela começa a integrar de maneira prática e gradual, e sem perceber, aquilo que minha avó dizia para mim numa formulação abstrata: “estude para ser alguém quando crescer meu filho”. Certo vovó, respondia dentro de mim. Mas o que é estudar? O que é ser alguém na vida?

Entendam, minhas perguntas não eram nem são raivosas. Sei: quem aprendeu aos trancos e barrancos muitas vezes não sabe que se pode aprender de outras maneiras na escola que não pelo dolorido reconhecimento contínuo do fracasso. Que foi o dela(minha avó), que foi o meu. A cuiosidade estimulada, uma casa cheia de livros e de pais lendo para si e para a criança, o cuidado com as explicações, o respeitar admirado das questões que um penqueno se coloca a respeito do mundo novo com o qual dia após dia, mês a mês, ele começa a se “familiarizar” e, em conseqüência disso, a se acostumar, para bem e para mal -, tudo isso é concretização de valores da escola em seu sentido pleno sendo feita em casa.

Ok Jampa, sabemos, você é um pai que pensa na educação de sua filha de um ponto de vista racional e também humano. E o que mais?
Diante de certas coisas próprias às realidades recifense e brasileira me pergunto: como um pai deve se comportar para manter sádia a sua relação com o universo da curiosidade infantil de sua filha e a realide absurda que, como não poderia deixar de ser, também a cerca e faz parte do horizonte cultural onde ela evolui e cresce?

Dentro do carro com sua mãe, a pixota observa uma agitação não corriqueira. Uma outra criança, um pouco mais velha, com 12 ou 13 anos, fala coisas agressivas. A mãe também gesticula, finge procurar algo. – Mamãe o que é que ele disse pra você? “Nada filha, ele me ameaçou.”

Ameaça. Acho que essa palavra ela ainda não tinha ouvido. Que significado ela atribuiu pra ela?

O menino de 12 ou 13 havia dito: “abre a janela se não mato a menina, corto ela toda”. Sem saída, o sinal fechado, pessoas olhando impassíveis, a mãe responde: “se tocar nela, eu te mato.”

Ameça. Uma palavra. Que campo semântico ela abre? Medo. Violência. Será que preciso explicar o que são essas coisas para uma criança de dois anos e meio? Não. Ela não vai entender. Matar. O que é matar papai, se ela me pergunta isso, o que devo responder? Numa única situação, num espaço de alguns segundos, toda uma pedagogia do contidiano recifense. Papai, o que é ameaça? Papai, o que é matar? Por que mamãe ficou com medo do que o menino disse? É mais fácil dizer para ela não ficar com medo do monstro do Scooby Doo. E ai fico pensando no como ela pensa isso tudo e querendo dizer para ela mas sem poder, resmungo ensimesmado: “ ô filha, não tenha medo, os monstros do Scooby Doo são de mentirinha...” A garganta seca, a mão suando. Será que saberia explicar que o menino que gritava e dava medo estava ali e era tão real?
atualização: Peço desculpas por esse texto que está muito mal escrito. Mas não vou corrigí-lo, porque foi fruto de meus nervos.

Nenhum comentário:

Quem sou eu (no blogue)

Recife, Pernambuco, Brazil
Aqui farei meu diario quase intimo. Mentirei quando preciso. Escreverei em português e, mal ou bem, seguirei com certa coerência as ocilações do espirito, carater e gosto. Desprovido de inteligência precisa, justa será apenas o nome da medida que busca o razoavel no dito. Esperançoso. Jovem gasto, figura preguiçosa e de melancolia tropical sem substância. Porém, como já exprimido em primeiro adjetivo, qualificado e classificado na etiqueta quixotesca. Com Dulceneas e figuras estranhas o "oxymore" pode ser visto como ode a uma máxima de realismo outro do de Cervantes: "bien écrire le médiocre", dizia Flaubert. Mediocres serão meus dizeres. Bem ditos, duvido. Por isso convenho: os grandes nomes citados não devem causar efeito de legitimação. E previno: o estilo do autor das linhas prometidas é tosco, complicado e chato. O importante é misturar minha miséria com outras. Assim o bem dito será o nome de uma vontade de partilhar uma condição e não o da sutileza formal. A bem dizer, aqui findo com minha introdução.