quarta-feira, outubro 22, 2008

Crise tira defunto da cova

No Hermeneuta (no post Mundo de loucos) encontramos a seguinte informação:

Crise aumenta procura por obras de Karl Marx na Alemanha

Editora vendeu em um mês nº de cópias de ‘O Capital’ que vendia em um ano.
- A atual crise financeira global parece estar aumentando a busca por obras de um dos maios conhecidos e ferozes críticos do capitalismo: o pai do comunismo, Karl Marx.
A editora alemã Karl Dietz, dedicada a livros de pensamento de esquerda disse já ter vendido, neste ano, 1,5 mil cópias da obra mais famosa de Marx, O Capital, escrita em 1867.
Só no mês passado, foram vendidas 200 cópias, o mesmo número que, no passado, costumava ser vendido em um ano.

A Dietz não é a única editora a publicar obras de Marx, mas, segundo a imprensa alemã, lojas ao redor da Alemanha têm visto um aumento de 300% na venda do livro nos últimos meses.
O correspondente da BBC David Bamford afirma que muitos vêem a atual crise como um fracasso do capitalismo e que a obra de Marx poderia ajudar a entender o que deu errado. Segundo Bamford, o número de visitantes a Trier, na Alemanha, cidade natal de Marx, subiu neste ano para 40 mil.

O curador do museu da cidade afirma que já perdeu as contas de quantos visitantes ele ouviu dizer que Marx estava, afinal, certo em suas críticas ao capitalismo.

Credo cruz, será que esse povo germânico estaria pensando nessas palavras e se dizendo "eu já li isso em algum lugar"?

“Em um sistema de produção onde toda a continuidade do processo de reprodução depende do crédito, quando este acaba subitamente e somente transações com dinheiro passam a ser aceitas, é inevitável que ocorra uma crise, uma tremenda demanda por meios de pagamento. É por isso que, à primeira vista, a crise inteira parece ser somente uma crise de crédito e de moeda. E de fato trata-se apenas da conversibilidade de letras de câmbio em dinheiro. No entanto, a maioria destes papéis representam compras e vendas reais, cuja extensão – para muito além das necessidades da sociedade – é, afinal, a base de toda a crise. Ao mesmo tempo, há uma quantidade enorme destas letras de câmbio que representam mera especulação, que agora revela sua face e colapsa; especulação fracassada com o capital de outras pessoas, com o capital-mercadoria depreciado ou invendável, ou com ganhos que nunca mais poderão ser realizados. Todo esse sistema artificial de expansão forçada do processo de reprodução evidentemente não pode ser resolvido com um banco, por exemplo, o Banco da Inglaterra, entregando a todos esses especuladores o capital que lhes falta através de seus títulos, comprando mercadorias depreciadas a seus antigos valores nominais. Aliás, é nesse momento que tudo começa a parecer distorcido, já que nesse mundo de papel, o preço real e seus fatores reais desaparecem, deixando visível somente metais, moedas, cédulas, letras de câmbio e títulos.” (Karl Marx, O Capital, vol. 3, cap. XXX.)

2 comentários:

Anônimo disse...

Pois é meu nobre, o simbolo maior do capitalismo (no caso as bolsas de valores) foi (escrevo no passado mesmo, visto que há um ano a crise desbancou)abalada por uma corja, do próprio capitalismo, de Wall Street. O que acontece hoje, já aconteceu antes e irá acontecer no futuro por uma simples razão...os mercados são movidos por humanos e estes pelos sentimentos mais primitivos: ganância e medo!!!

Anônimo disse...

E ai Brunnão, espero que suas ações não tenham se tranformado em papel sem valor. A coisa tá feia...

...Só um adendo ao que você disse: minha formação em sociologia não me permitiria inferir a miséria do mercado financeiro de coisas tão genéricas quanto a ganância e o medo (traços de nossa natureza imperfeita).Mas...com você me pergunto como não sentir medo dessa ganância particular que tem nos levado tão longe para não se sabe onde? Mas essa ganância não é a minha. E generaliza-la para o gênero humano seria fechar demais o cerco de seres complexos e em certa medida livres... sim, o seres humanos. Abraço. Jampa

Quem sou eu (no blogue)

Recife, Pernambuco, Brazil
Aqui farei meu diario quase intimo. Mentirei quando preciso. Escreverei em português e, mal ou bem, seguirei com certa coerência as ocilações do espirito, carater e gosto. Desprovido de inteligência precisa, justa será apenas o nome da medida que busca o razoavel no dito. Esperançoso. Jovem gasto, figura preguiçosa e de melancolia tropical sem substância. Porém, como já exprimido em primeiro adjetivo, qualificado e classificado na etiqueta quixotesca. Com Dulceneas e figuras estranhas o "oxymore" pode ser visto como ode a uma máxima de realismo outro do de Cervantes: "bien écrire le médiocre", dizia Flaubert. Mediocres serão meus dizeres. Bem ditos, duvido. Por isso convenho: os grandes nomes citados não devem causar efeito de legitimação. E previno: o estilo do autor das linhas prometidas é tosco, complicado e chato. O importante é misturar minha miséria com outras. Assim o bem dito será o nome de uma vontade de partilhar uma condição e não o da sutileza formal. A bem dizer, aqui findo com minha introdução.